Pressionada pela União Europeia e questionada pelo mercado, a Espanha faz uma limpeza nos ativos tóxicos de seus bancos, exige que as instituições levantem no mercado um colchão extra de 30 bilhões para substituir os ativos imobiliários de seus balanços e já prevê destinar 15 bilhões de recursos públicos com a meta de sanear o sistema financeiro do país. Para investidores, as medidas são insuficientes.

A medida foi anunciada ontem, dois dias depois que Madri foi obrigada a nacionalizar o quarto maior banco do país, Bankia, justamente por não conseguir lidar com seus ativos podres, o que levantou dúvidas sobre a solvência da economia espanhola. A situação dos bancos espanhóis está no centro da nova onda de incertezas que domina a zona do euro, e o esforço do governo é para tentar reconquistar a confiança dos mercados.

A implosão do setor imobiliário há quatro anos fez explodir o desemprego, jogou governos locais em um déficit sem precedentes e deixou ativos tóxicos de mais de 184 bilhões nos bancos. Desde então, o governo foi obrigado a intervir em oito bancos, e o número de caixas de poupança foi reduzido de 45 para 9.

Por mais que o novo governo tenha dito que não colocaria mais dinheiro público nos bancos, Madri cedeu às exigências de Bruxelas e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e promoveu novo esforço para sanear o setor. É a segunda reforma financeira em menos de três meses no governo de Mariano Rajoy.

Bancos terão de levantar provisões extras 30 bilhões para fazer frente aos ativos imobiliários que dispõe. Agora, o nível de provisões passará de 7% para 30% até o fim de 2012 nos ativos 'não problemáticos'. Isso além dos 54 bilhões já estipulados em fevereiro. Fusões de bancos serão incentivadas.