sábado, 30 de novembro de 2013

Richard Branson da dicas para os empreendedores

Nem o céu é o limite para o bilionário Richard Branson

As lições do excêntrico bilionário inglês Richard Branson, fundador do grupo Virgin, que inclui operadoras de celular, gravadoras de música, companhias aéreas e uma empresa para levar gente ao espaço


Richard Branson vestido de aeromoça


São Paulo - Ele já cruzou o oceano atlântico em um balão, o canal da Mancha em um carro-anfíbio e pretende em breve deixar a órbita terrestre numa nave espacial. Richard Branson, de 62 anos, o britânico por trás de todas essas estripulias, é um personagem fascinante.

Dono do grupo Virgin, conglomerado de mais de 300 empresas que faturaram 24 bilhões de dólares em 2012, ele criou um jeito próprio de administrar os negócios — tema de seus dois livros recém-lançados no Brasil (Like a Virgin e Ouse: Fazer o Bem — Se Divertir — Ganhar Dinheiro). Eis um apanhado do que sir Branson tem a ensinar.
Não se leve tão a sério
Tente gerenciar seus negócios sem tanta pompa e suntuosidade. "Você ficará surpreso ao ver quanta gente vai encará-lo com mais seriedade", diz Branson, no livro Like a Virgin.
Branson transferiu seu estilo de vida irreverente para todos os seus negócios. Uma de suas últimas travessuras aconteceu em maio deste ano. Branson se vestiu de aeromoça — com salto alto, pernas raspadas e meia arrastão — durante um voo da companhia aérea concorrente AirAsia para pagar uma aposta feita em 2010 com o fundador da empresa.
Naquele ano, a equipe de Fórmula 1 patrocinada pela Virgin perdeu posições para a escuderia financiada pela AirAsia. "Sou voluntário de todo tipo de aventura para promover a Virgin", diz Branson. 
Dê muita autonomia
Branson recomenda que o empreendedor tenha desprendimento para contratar funcionários melhores do que ele para executar o dia a dia da empresa.
"Nossas equipes são desafiadas a conduzir as empresas como se fossem donas do negócio", diz. "Quando as coisas vão mal, elas se sentem responsáveis de tal maneira pelo estrago que, quase sempre, arregaçam as mangas e conseguem reverter a situação."
No livro like a Virgin, Branson conta a história de um cliente importante da classe executiva que deveria ser pego num hotel de Nova York pela limusine da Virgin Atlantic, companhia aérea do grupo. O motorista não o encontrou porque o cliente aguardara na porta errada.
O passageiro pagou caro por um táxi até o aeroporto e chegou irritadíssimo com a possibilidade de perder o voo. A primeira funcionária da Virgin que ele localizou assumiu o controle da situação. 
Desrespeitando uma ordem contábil da empresa, ela reembolsou o táxi do passageiro com seu próprio dinheiro e o embarcou por uma via de acesso exclusiva da tripulação. O rapaz chegou ao avião antes do fechamento das portas.  "Salvamos o dia daquele passageiro e tenho certeza de que ele falou bem de nossa empresa por muitos anos", diz Branson. "Fiz questão de parabenizar a funcionária."
Saia do escritório
Um bom líder não fica o tempo todo encastelado numa sala. Bon vivant assumido, Branson está sempre viajando, conhecendo pessoas ou  promovendo festas em sua mansão nas Ilhas Virgens Britânicas. Esteja onde estiver, frequentemente tira do bolso um bloquinho de papel para anotar perguntas, preocupações e boas ideias.
"Para um empreendedor que dirige uma empresa em expansão, manter a forma e fugir do escritório de vez em quando não é luxo", afirma Branson. "É uma necessidade."
Sonhe grande
A Virgin é um conglomerado incomum. A maior parte das receitas vem de um punhado de linhas aéreas e ferrovias, de operadoras de telefonia e do selo musical V2. Mas em torno de 20% do faturamento é gerado de centenas de pequenos empreendimentos — tantos que é difícil acreditar que o próprio Branson se lembre de todos.
Há a Virgin Cosmetics, a Virgin Radio, a Virgin Wines... Branson não tem medo de arriscar. No entanto, usa um método para decidir o momento de investir: "A hora de entrar num setor é quando ele está sendo mal administrado pelos outros".  Antes de entrar num negócio novo, seus executivos elaboram o que chamam de rota de fuga.
"Quando iniciamos na aviação, combinamos que devolveríamos as aeronaves para a fabricante em alguns meses se o negócio não desse certo", diz Branson. "Eu estava preparado para assumir o risco, mas, se falhasse, não prejudicaria o restante dos negócios."
Combata a burocracia
O grupo Virgin é composto de uma série de empresas que operam de maneira independente. A ideia é preservar ao máximo a agilidade e a flexibilidade dos pequenos negócios, em contraponto com os processos normalmente engessados de uma grande corporação.
Branson explica: "Quando uma companhia atinge determinado tamanho, em vez de deixá-la crescendo e instalá-la em escritórios cada vez maiores, chamo, digamos, o gerente de marketing e o diretor de vendas e digo a eles: agora vocês passam a ser administradores de uma nova empresa".
Foi isso que aconteceu com a Virgin Records, que foi dividida em cinco gravadoras de música. De acordo com Branson, a marca era suficientemente grande para atrair nomes importantes, como os Rolling Stones, que sabiam que não seriam apenas uma superbanda em uma lista repleta delas.
Ao mesmo tempo, parte das operações permanecia pequena para que os funcionários não perdessem o foco na descoberta de novos artistas.
Apoie causas humanitárias
Branson defende a ideia de que as pessoas com habilidades para gerar lucros também devem usar seu talento para colaborar em causas como a melhoria da educação e da saúde e o combate à pobreza nos países subdesenvolvidos.  "Não existe contradição entre objetivos ambientais, sociais e comerciais", afirma Branson no livro Ouse: Fazer o Bem — Se Divertir — Ganhar Dinheiro.
Ele colabora com diversas instituições sem fins lucrativos. Em 2007, anunciou um prêmio de 25 milhões de dólares a quem mostrasse viabilidade comercial para retirar pelo menos 1 bilhão de toneladas de carbono por ano da atmosfera. "Se alguém conseguir essa proeza nos próximos cinco anos, o mundo pode estar a salvo do aquecimento global", diz.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Senado aprova voto aberto para cassações e vetos presidenciais

Senado aprova voto aberto para cassações e vetos presidenciais

 
 
 
Senado aprova o fim do voto secreto
 
 
BRASÍLIA - Após mais de três horas de intensos debates e manobras regimentais, o plenário do Senado decidiu, na noite desta terça-feira, 26, que os parlamentares terão de revelar seu voto na análise de cassações de mandato e de vetos presidenciais no Congresso Nacional. Nessa votação, ao todo 58 senadores foram favoráveis ao voto aberto para essas duas modalidades e apenas quatro foram contrários. Eram necessários pelo menos 49 votos para a proposta de emenda à Constituição (PEC) passar.

O texto aprovado seguirá para a promulgação no Congresso, em data não marcada. A emenda constitucional vai atingir os condenados no processo do mensalão que, futuramente, serão alvo de processos de perda de mandato parlamentar: os deputados federais José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), havia avisado que não colocaria qualquer processo de perda de mandato em votação secreta, derrubada nesta terça.

Os senadores, no entanto, decidiram manter secreta a análise de autoridades indicadas pelo Poder Executivo. Também foi rejeitada uma emenda que discutia a amplitude da medida, isto é, se ela valeria somente para o Congresso ou para os poderes Legislativos estaduais, municipais e no Distrito Federal. O Senado vai analisar o que fazer com essas duas situações: se vão voltar para a Câmara dos Deputados ou ir para o arquivo.

A decisão de rejeitar uma PEC do voto aberto irrestrito tinha um objetivo indireto: manter secreta a votação para se eleger as Mesas Diretora da Câmara e do Senado, matéria atualmente regulada pelo regimento interno de cada uma das Casas Legislativas.

Senadores enxergaram na medida uma forma de o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), garantir sua reeleição em fevereiro de 2015. "A grande importância da autoridade é a autoridade que está na Mesa Diretora", ironizou o senador Walter Pinheiro (PT-BA).

Batalha. Por mais de duas horas, senadores travaram em plenário uma batalha regimental. O líder do PSB do Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), que pretendia acabar com o voto secreto para todas as modalidades, argumentou que, com base no regimento, no segundo turno de votação de uma PEC, não seria possível apreciar separadamente cassações, vetos ou indicações.

O presidente do Senado, contudo, rejeitou o pedido do líder socialista, o que levou a um intenso debate em plenário. "O que está sendo proposto é um absurdo", afirmou Renan Calheiros, ao acusar o líder do PSB de tentar, na prática, impedir que os senadores apreciem separadamente o voto aberto em determinadas modalidades.

Renan recebeu a solidariedade de senadores da base aliada e da oposição. "O senador tem que ser livre e cada um tem que votar segundo a sua consciência", afirmou o líder do PSDB na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (SP). "Eu quero ter o meu direito de votar individualmente. Eu não quero votar tudo ou nada", o senador Lobão Filho (PMDB-MA).

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Olívio Dutra considera justa a prisão dos mensaleiros

Olívio considera justa a prisão dos mensaleiros

Petista afirma que respeita a decisão do ministro Joaquim Barbosa
Jimmy Azevedo
FREDY VIEIRA/JC
‘Não deveria ser diferente. O PT não pode ser jogado na vala comum’
‘Não deveria ser diferente. O PT não pode ser jogado na vala comum’


Destoando do discurso de lideranças petistas, intelectuais de esquerda e juristas, o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra não acredita que houve cunho político na condenação e na prisão dos correligionários José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares, detidos, na semana passada, pelo escândalo do mensalão durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Funcionou o que deveria funcionar. O STF (Supremo Tribunal Federal) julgou e a Justiça determinou a prisão, cumpra-se a lei”, analisa o ex-presidente estadual e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT).
No entendimento de Olívio Dutra, o desfecho da Ação Penal 470, conhecida popularmente como mensalão, foi uma resposta aos processos de corrupção que, historicamente, permeiam a política nacional, independentemente de partidos.

Sobre a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, de ordenar a prisão dos réus no processo sobre a compra de parlamentares por dirigentes petistas para a aprovação de projetos do governo Lula, Olívio disse que cada instituição tem seu funcionamento. “Até pode ser questionado, mas as instituições têm seus funcionamentos. O que não se pode admitir é o toma-lá-dá-cá nas práticas dos mensalões de todos os partidos, nas quais figuras do PT participaram”, avalia o petista histórico. O ex-governador gaúcho reitera que tem respeito à história de lutas de José Dirceu e Genoino, mas que em nada o passado de combate à ditadura militar abona qualquer tipo de conduta ilícita. “Há personalidades que fazem política por cima das instancias partidárias e seguem seus próprios atalhos. Respeito a biografia passada dessas figuras que lutaram contra a ditadura, mas (a corrupção) é uma conduta que não pode se ver como correta”, critica.

Ironicamente, Olívio Dutra, então ministro das Cidades de Lula, foi isolado por políticos fortes no governo, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, ainda antes do escândalo do mensalão vir à tona.

Em julho de 2005, Olívio é retirado da pasta para dar lugar a Márcio Fortes, do Partido Progressista (PP), sigla também envolvida no escândalo de corrupção. Olívio diz que o PT está acima de indivíduos, e acredita que se fez justiça no caso de corrupção.

“Não deveria ser diferente (sobre as condenações e prisões). Um partido como o PT não pode ser jogado na vala comum com atitudes como esta. Com todo o respeito que essas figuras têm, mas não é o passado que está em jogo, é o presente, e eles se conduziram mal, envolveram o partido. O sujeito coletivo do PT não pode ser reduzido em virtude dessas condutas. O PT surgiu para transformar a política de baixo para cima. Eu não os considero presos políticos, foram julgados e agora estão cumprindo pena por condutas políticas”, dispara o líder petista.

‘Nunca se governa em condições ideais’, avalia o ex-governador

Distante da vida política, mas a par da vida partidária do PT estadual e nacional, o ex-governador gaúcho Olívio Dutra dedica os dias à família e aos estudos de Latim na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Formado em Letras pela Ufrgs, Olívio pediu reingresso para aproveitar cadeiras não cursadas. Além disso, ocupa o tempo em livrarias da cidade, bem como em espetáculos culturais, gosto que fez com que ele se integrasse à Associação Amigos do Theatro São Pedro.

Ovacionado em eventos públicos pela militância petista e integrantes de movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Olívio faz uma análise da conjuntura atual e os cenários para que o PT consiga reeleger o projeto de Tarso Genro.

Para o Galo Missioneiro, apelido dado por admiradores, o distanciamento de forças políticas, tais como o PDT e o PSB, do governo Tarso Genro é algo natural em vésperas de eleição eleitoral, ainda mais pela conjuntura. O PSB, por exemplo, terá provavelmente o governador pernambucano Eduardo Campos como candidato à presidência da República na disputa contra a presidente Dilma Rousseff (PT).

No Estado, os socialistas não descartam a possibilidade, inclusive, de uma aliança com o Partido Progressista (ex-Arena) na candidatura da senadora Ana Amélia Lemos ao Palácio Piratini, ou com o PMDB, que poderá lançar o ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori.

“A candidatura própria do PDT é uma hipótese ainda. O fato de os partidos tomarem outros rumos antes do pleito não é novidade. As forças se estremecem quando se aproxima a eleição. Mas isso não é o ideal no campo democrático popular”, analisa Olívio.

O ex-governador entende, no entanto, que nunca se governa em situação tranquila, pois há interesses pessoais e partidários distintos dentro do tabuleiro político. “Os governos (Dilma e Tarso) fazem um grande esforço para o funcionamento da máquina pública em prol da sociedade, não como projeto pessoal, para atender à maioria do povo. Nunca se terá condições ideais, claro, pois há uma pressão enorme dos poderosos.”

Quando esteve no Palácio Piratini (1999-2002), seu governo foi alvo de uma CPI sobre uma suposta relação com o jogo do bicho. O Ministério Público não aceitou as acusações e decidiu não denunciar o petista e outros citados. A primeira gestão petista no Piratini também foi criticada por setores contrários à reforma agrária e à implementação de políticas de desenvolvimento social.

Na avaliação do governo Tarso Genro, o petista acredita que tem tido avanço nas questões sociais e na consolidação de políticas apresentadas. “O governo pode fazer mais e melhor na execução de um programa. Nunca se governa em situação ideal. Há muito o que fazer para um projeto de desenvolvimento sustentável. Por isso, defendo a reeleição”, disse Olívio, que também reiterou não desejar mais ser candidato a cargos públicos.

‘Há um clima de revolta muito grande’, avaliam deputados após visita aos condenados detidos

Uma comitiva formada por 26 deputados federais do PT visitou na tarde de ontem alguns presos do processo do mensalão, instalados no Complexo Penitenciário da Papuda. O encontro durou cerca de 30 minutos e aconteceu em sala reservada para a conversa. Estavam presentes o deputado licenciado José Genoino (PT), José Dirceu (PT), Delúbio Soares (PT) e Romeu Queiroz (ex-PTB).

“O que notamos é um clima de revolta muito grande pelas circunstâncias em que a prisão ocorreu, completamente ao arrepio da legislação, aos procedimentos (...) normais”, afirmou o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA). Entre os parlamentares que visitaram os presos, estavam o gaúcho Marco Maia, além de Iriny Lopes (ES), Fátima Bezerra (RN) e Vicentinho (SP).

Em nome dos demais petistas, Pellegrino afirmou que não houve críticas às condições da prisão, embora haja uma preocupação sobre a situação da saúde de Genoino. “Até agora, as juntas médicas atestaram a gravidade da situação do deputado Genoino e atestaram que ele não pode estar custodiado aqui nesta unidade. Esta unidade não tem sequer um sistema de emergência”, reclamou, afirmando ainda ser precária a situação do colega.

Pouco depois da visita, houve discussão entre manifestantes do PT e mulheres que aguardavam desde a manhã o momento de visitar filhos e maridos no complexo da Papuda, cuja entrada só será permitida a partir da manhã de hoje. Elas começaram a gritar frases como “puxa-saco de ladrão” para os deputados. 

Microsoft x Google

Microsoft recebe resposta do Google sobre a campanha "anti-Google"

O porta-voz do Google respondeu a concorrente e ridicularizou, indiretamente, a nova linha de acessórios "anti-Google"





linha de acessórios recentemente colocada a venda pela Microsoft, com ataques diretos ao Google, recebeu uma resposta oficial nesta sexta-feira (22).
Por meio do porta-voz da empresa ao site The Verge, o Google disse: "O mais recente empreendimento da Microsoft não é nenhuma surpresa, a concorrência no espaço dos "vestíveis" realmente está esquentando."
Aparentemente sem nenhum sentido, o Google conseguiu ridicularizar a concorrente, com sua mensagem cheia de ironia, ao estabelecer nas entrelinhas que o "mercado de vestíveis" da Microsoft não é nada comparado ao deles - o Google Glass.

Lula abandona os companheiros na prisão

Dirceu pressionou Lula a defender petistas presos

 
A amigos que o visitaram na cadeia, ex-ministro fez queixas sobre a forma como ex-presidente administrou o escândalo do mensalão
 
Dirceu pressionou Lula a defender petistas presos (André Dusek/Estadão)
 
 
Preso em uma cela de seis metros quadrados, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu criticou Luiz Inácio Lula da Silva pela forma como ele administrou até agora a crise do mensalão. A insatisfação com o ex-presidente foi manifestada por Dirceu a pelo menos três amigos que o visitaram, nos últimos dias, no Complexo Penitenciário da Papuda.
 
Irritado com o silêncio do Planalto, Dirceu perguntou: "E o Lula não vai falar nada?". Era a senha para a urgência de um pronunciamento, que deveria ser feito o quanto antes, no diagnóstico do ex-ministro, sob pena de grande abalo na imagem do PT, com potencial de interferir na campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição.

Três dias depois de receber o recado, Lula fez o mais veemente discurso desde que os petistas foram condenados. Sugeriu, na quinta-feira passada, que o rigor da lei só vale para o PT e dirigiu ataques ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

Em meio a protestos contra as "arbitrariedades" na execução das sentenças, Lula e dirigentes petistas também decidiram promover um desagravo a Dirceu, ao ex-presidente do PT José Genoino e ao ex-tesoureiro Delúbio Soares na abertura do 5.º Congresso da sigla, de 12 a 14 de dezembro, em Brasília.

A contrariedade de Dirceu com Lula, porém, não vem de hoje. Interlocutores do ex-ministro contaram ao Estado que ele sempre reprovou a forma "conciliatória" como o então presidente conduziu o caso desde que o escândalo estourou, em junho de 2005.

Em conversas mantidas no cárcere, Dirceu tem dito que Lula errou ao não fazer o "enfrentamento" necessário para não deixar a denúncia de corrupção virar uma espada permanente sobre o PT e o governo.

Para Genoino, os réus do PT não têm escapatória, mesmo se conseguirem reduzir suas penas, pois perderam a batalha da comunicação. "Estamos marcados como gado", resumiu ele a um amigo.

Na avaliação de Dirceu, Lula deixou a CPI dos Correios prosperar, em 2005, quando ainda teria condições de barrá-la. Por esse raciocínio, ao não politizar a denúncia da compra de votos no Congresso, Lula abriu caminho para a "criminalização" do PT. O partido até hoje insiste que nunca corrompeu deputados em troca de apoio e só admite a prática do caixa dois.

Nomeação. Arquiteto da campanha que levou o PT ao Palácio do Planalto em 2003, Dirceu revelou que Lula chegou a consultá-lo sobre a nomeação de Luiz Fux para ministro do Supremo.

"Se você está dizendo que sim, quem sou eu para dizer que não?", afirmou Dirceu, segundo relato de amigos, antes de ser procurado por Fux, que pediu sua ajuda para conquistar o cargo. Fux acabou nomeado em 2011 por Dilma. Petistas juram que ele prometeu "matar no peito" a acusação, em sinal de que absolveria os réus. Quando saiu o voto pela condenação, o espanto no governo e no PT foi generalizado.

Num café da manhã com Dirceu, em novembro de 2010, Lula prometeu a ele que, quando estivesse fora do Planalto, desmontaria a "farsa do mensalão". A promessa não foi cumprida sob a alegação de que era preciso blindar o primeiro ano do governo Dilma. Depois vieram as disputas municipais de 2012 e agora o ano é pré-eleitoral.

Para o líder da bancada petista no Senado, Wellington Dias (PI), o PT não soube construir uma narrativa para reagir à ofensiva da oposição e da mídia. "Sob intenso cerco político, nós acabamos permitindo que as versões da compra de votos florescessem", avaliou Dias.

A estratégia do governo e do PT, agora, é usar o escudo da "legalidade" e o discurso de que há "dois pesos e duas medidas" na Justiça para impedir que o mensalão contamine a campanha de Dilma em 2014.

Vai sair de linha em 2019

Vai sair de linha!  Confira quais carros serão retirados do mercado em 2019 Listamos sete automóveis que deverão sair do mercado ou ganha...