Falta de chuva faz agricultores deixarem lavouras em busca de renda
Prejuízo no campo ultrapassa R$ 5,19 bilhões no Estado, segundo a Emater
Foto: Roberto Witter / Agencia
RBS
Leandro Becker e Roberto Witter
A seca tem feito alguns agricultores
deixarem as terras arrasadas pela falta de chuva para procurar outras opções de
renda. São gaúchos retirantes em busca do renascimento longe de casa. Motivos
não faltam. O prejuízo ultrapassa R$ 5,19 bilhões no Estado, segundo a Emater. E
pode piorar. É crescente a preocupação com os efeitos do clima na safra de
inverno.
O impulso retirante fisgou Eri Graciano Martins, 29 anos, antes de ele colher os 14 hectares de soja plantados em Júlio de Castilhos, na Região Central. A desgraça da seca era visível. E triste. Foi confirmada semanas depois, quando colheu 20 sacos por hectare. O resultado 60% abaixo do esperado nem pagou o custo da lavoura. Sem seguro da área, ele confiou no gado leiteiro. Mas a produção despencou 80% diante da pastagem arrasada. Era hora de agir.
Deixou a mulher e os pais cuidando da propriedade para trabalhar em uma granja. A seca também chegou lá, mas havia sobra de caixa do ano passado. E a chuva foi mais generosa. A rotina de Martins é cansativa. Acorda cedo e viaja 10 km para ganhar R$ 40 por dia, de segunda a sábado. É pouco, mas virou muito. Os R$ 1 mil mensais sustentam a família. À noite, quando pode, retorna para casa. Antes de dormir, ele passa pelo açude seco, vê o gado magro e bebe o que sobrou da água trazida pelo caminhão-pipa. Não desanima.
— Só volto para cá com a chuva. São dois meses de espera. Vai demorar até que a gente se recupere, mas não vou me entregar. É hora de erguer a cabeça — garante.
Ficar ou partir? O dilema depende da situação de cada um. O principal é não desistir. Especialistas observam que a busca por renda alternativa diante da seca não é um êxodo. Trata-se de uma estratégia temporária adotada por parte da família, principalmente de pequenos produtores, que são mais vulneráveis à quebra de safra. Também há casos de agricultores que conciliam as atividades rurais com empregos formais na cidade.
— Os efeitos adversos da seca impõem limites à produção e à renda, o que explica a busca por formas de amenizar as dificuldades — ressalta Cleide Moretto, economista e professora da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade de Passo Fundo (UPF).
Apesar de observar que as facilidades de comunicação e infraestrutura estimulam a permanência ou retorno dos jovens ao campo, Cleide destaca que estudos recentes também apontam o envelhecimento da população rural. O cenário se agrava diante da desmotivação provocada pela seca. Por isso, ela ressalta a importância de políticas de emergência para minimizar prejuízos, anistiar dívidas e possibilitar a compra de insumos e alimentação.
O impulso retirante fisgou Eri Graciano Martins, 29 anos, antes de ele colher os 14 hectares de soja plantados em Júlio de Castilhos, na Região Central. A desgraça da seca era visível. E triste. Foi confirmada semanas depois, quando colheu 20 sacos por hectare. O resultado 60% abaixo do esperado nem pagou o custo da lavoura. Sem seguro da área, ele confiou no gado leiteiro. Mas a produção despencou 80% diante da pastagem arrasada. Era hora de agir.
Deixou a mulher e os pais cuidando da propriedade para trabalhar em uma granja. A seca também chegou lá, mas havia sobra de caixa do ano passado. E a chuva foi mais generosa. A rotina de Martins é cansativa. Acorda cedo e viaja 10 km para ganhar R$ 40 por dia, de segunda a sábado. É pouco, mas virou muito. Os R$ 1 mil mensais sustentam a família. À noite, quando pode, retorna para casa. Antes de dormir, ele passa pelo açude seco, vê o gado magro e bebe o que sobrou da água trazida pelo caminhão-pipa. Não desanima.
— Só volto para cá com a chuva. São dois meses de espera. Vai demorar até que a gente se recupere, mas não vou me entregar. É hora de erguer a cabeça — garante.
Ficar ou partir? O dilema depende da situação de cada um. O principal é não desistir. Especialistas observam que a busca por renda alternativa diante da seca não é um êxodo. Trata-se de uma estratégia temporária adotada por parte da família, principalmente de pequenos produtores, que são mais vulneráveis à quebra de safra. Também há casos de agricultores que conciliam as atividades rurais com empregos formais na cidade.
— Os efeitos adversos da seca impõem limites à produção e à renda, o que explica a busca por formas de amenizar as dificuldades — ressalta Cleide Moretto, economista e professora da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade de Passo Fundo (UPF).
Apesar de observar que as facilidades de comunicação e infraestrutura estimulam a permanência ou retorno dos jovens ao campo, Cleide destaca que estudos recentes também apontam o envelhecimento da população rural. O cenário se agrava diante da desmotivação provocada pela seca. Por isso, ela ressalta a importância de políticas de emergência para minimizar prejuízos, anistiar dívidas e possibilitar a compra de insumos e alimentação.
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