SÃO PAULO – Apesar do aumento do emprego formal, a taxa de rotatividade dos brasileiros no mercado de trabalho não apenas subiu, como tem se mostrado uma das mais altas entre os 25 países consultados por um estudo realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico) em parceria com o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

De acordo com o levantamento Rotatividade e Flexibilidade no Mercado de Trabalho, divulgado nesta terça-feira (22), o índice nacional atingiu, em 2010, a marca de 53,8%, considerada a mais expressiva dos últimos 10 anos.

“O País passou de um patamar de 45%, em 2001, para 52,5%, em 2008, ano da crise internacional, para depois recuar, em 2009, para 49,4%, subindo novamente para 53,8%, em 2010”, informa o estudo. A taxa de rotatividade geral é baseada no valor mínimo entre o total de admissões e o de demissões, comparado ao estoque médio de empregos de cada ano. O número inclui os desligamentos causados por transferência, aposentadoria, morte e demissão voluntária.

Em 2009, por exemplo, houve  61,216 milhões de admissões no ano e 19,919 milhões de desligamentos, com o total de trabalhadores ativos chegando a 41,207 milhões ao final do ano.

Tempo médio
O tempo médio do emprego, em 2009, também foi avaliado pelo estudo como um dos baixos, de 5 anos. Ele só não foi pior que o dos norte-americanos, que tiveram uma avaliação de 4,4 anos entre os 25 países analisados. Para se ter uma ideia, os italianos, primeiros no ranking apresentado, costumam permanecer no mesmo emprego por um tempo médio de 11,7 anos.
Ainda conforme o estudo, considerando o total de vínculos empregatícios no ano, o tempo médio de permanência do brasileiro no emprego foi de 3,9 anos em 2009. Em 2000, ele foi de 4,4 anos. Contudo, ao analisar apenas os trabalhadores com vínculos ativos, ou seja, os que permaneceram no estoque em 31 de dezembro do ano em questão, o tempo médio correspondeu a 5,5 e a 5 anos, em 2000 e em 2009, respectivamente.

Cenário nacional
E quem acredita que o aumento de contratações ocorra na mesma proporção que o percentual de rotatividade no País é o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. Para ele, na medida que um indicador sobe, o outro também não deixa a desejar.
Segundo o estudo, por exemplo, os vínculos ativos entre o mês de dezembro de 2002 e 2009 registraram uma elevação de 43,66% - equivalente a 12,5 milhões de empregos. Contudo, no mesmo período, o número de desligados também aumentou, passando de 12,2 milhões em 2003 para 19, 9 milhões em 2009.
“Não existe um fenômeno único, mas sim várias fotografias, já que parte da rotatividade está ligada a atividade econômica, tal como a agricultura e a construção civil”, diz Lúcio.