quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Em três dias, preço de imóvel na Rocinha aumenta 50 %

Donos de casa de dois quartos na Rua 1 queriam R$ 26 mil, mas agora exigem R$ 40 mil
Lenita Rocha teve o imóvel, com vista privilegiada, valorizado 
 Foto: O Globo / Pablo Jacob
Lenita Rocha teve o imóvel, com vista privilegiada, valorizado O Globo / Pablo Jacob

RIO - O casal de comerciantes Sebastião Alves e Lenita Maria Gomes da Rocha fazia planos para vender a casa e passar adiante o bar que têm na Rua 1 na Rocinha. A disposição de se mudar para um sítio em Itaboraí continua, mas não os preços para fechar negócio. Antes da ocupação da favela, concordavam em vender a casa de dois quartos, sala e cozinha por R$ 26 mil. Agora, querem R$ 40 mil. Pelo bar, bem localizado, cujo ponto alugam por R$ 500 mensais, pretendem cobrar luvas de R$ 20 mil.

— A Rocinha tem de tudo. Quem mora aqui não precisa nem ir a shopping. Além disso, está perto da Zona Sul. É claro que a tendência é que tudo se valorize — disse Lenita Maria.

Um taxista que se identificou apenas como Carlos Henrique aumentou de R$ 40 mil para R$ 50 mil o preço de venda de um imóvel herdado do pai, perto dos apartamentos construídos pelo PAC:

— Antes da ocupação, chegaram a me oferecer R$ 30 mil e não quis vender. Agora, acho que vou encontrar comprador e ainda está barato — diz.

A valorização, porém, não é novidade em alguns pontos. O mercado dos imóveis mais próximos à Estrada da Gávea já estava aquecido antes mesmo da ocupação. O líder comunitário Adelson Guedes explica:
— Especula-se que traficantes estavam investindo em imóveis em bons pontos da favela. Além disso, sabia-se que, mais cedo ou mais tarde, a favela seria pacificada e os pontos mais próximos do asfalto se valorizariam. Além disso, também tivemos as obras do PAC — enumerou.

A ocupação da Rocinha para a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) deverá ter impacto na valorização dos imóveis dentro da favela e também no seu entorno. Repetindo um fenômeno já atestado pelo mercado imobiliário em outros bairros com UPPs, espera-se que o metro quadrado em São Conrado, hoje avaliado em R$ 13 mil na orla, suba de 23% a 30% nos primeiros meses após a pacificação, segundo cálculos da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi) e do Sindicato da Habitação (Secovi-Rio).

Corretores informais que trabalham dentro da Rocinha também já começam a acenar com o encarecimento de casas e apartamentos na comunidade a partir da chegada da UPP. Para o vice-presidente da Ademi, Rubem Vasconcelos, morar na Avenida Prefeito Mendes de Moraes deverá ficar, em seis meses, mais caro do que viver na Avenida Sernambetiba, na Barra da Tijuca, onde o metro quadrado custa R$ 16 mil. Apenas as avenidas Delfim Moreira e Vieira Souto, no Leblon e em Ipanema, são mais valorizadas. Nelas, ter um metro quadrado para chamar de seu custa R$ 50 mil. Sem espaços novos para construção, a valorização da orla, diz Vasconcelos, será dos imóveis já existentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vai sair de linha em 2019

Vai sair de linha!  Confira quais carros serão retirados do mercado em 2019 Listamos sete automóveis que deverão sair do mercado ou ganha...