FRANKFURT (Reuters) - O Brasil está pronto para dar passos adicionais a fim de proteger a economia em caso de uma recessão nos Estados Unidos e na Europa, disse o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, segundo reportagem publicada em um jornal alemão.

Em uma entrevista para o Euro am Sonntag, Guido Mantega disse que o Brasil estava relativamente isolado da atual turbulência mundial, dado que suas exportações contribuem apenas para 13 por cento de seu produto e seu índice de dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) está abaixo de 39 por cento.

'Somos menos dependentes das flutuações da economia internacional devido a nossa enorme e dinâmica demanda interna', garantiu Mantega ao jornal.

'No entanto, naturalmente tomaremos as medidas necessárias, seja com políticas vinculadas aos impostos ou à moeda, em caso de uma escalada da crise,' afirmou.

Mantega reiterou que os governos estão retomando táticas para obter posições competitivas.
'Estamos claramente em meio a uma guerra de divisas,' disse.

Em suas declarações para o Euro am Sonntag, Mantega manteve as expectativas de que a inflação, que vem sendo impulsionada por preços mais altos das matérias-primas, alimentos, principalmente, comece a desacelerar no país.

REDUÇÃO DA POBREZA

'Os fatores externos são responsáveis (pela aceleração da inflação), especialmente pelo enorme excesso de liquidez mundial devido à política monetária de alívio quantitativo nos Estados Unidos, além de um aumento nos custos de produção,' indicou.

'(A inflação) já alcançou seu auge e os preços logo voltarão a cair. Para o ano o valor será inferior aos 6,5 por cento,' disse o ministro.

Além disso, Mantega disse que espera que a economia brasileira continue expandindo no médio prazo.
'Para os próximos dois anos esperamos um crescimento médio acima de 5 por cento, assumindo que a crise não aumente mais. Deverá ser uma expansão sólida, em linha com a inflação, que está sob controle,' disse.

Segundo Mantega, os avanços na produção devem ajudar a reduzir a pobreza no Brasil, que caiu pela metade nos últimos oito anos.

'Nesses oito anos, mais de 29 milhões de pessoas se uniram à classe média, que já incluía 100 milhões de brasileiros. Foram criados 17 milhões de empregos durante um período em que o país cresceu em média 4 por cento,' explicou o ministro.