sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Economia - Proteção brasileira

País tem R$ 1,1 tri para se proteger da crise

Recursos disponíveis são provenientes do Tesouro Nacional, depósitos compulsórios e reservas internacionais

O governo brasileiro conta com um cordão de isolamento de pelo menos R$ 1,1 trilhão para proteção da economia contra os efeitos de um agravamento maior da crise internacional. Esse colchão é formado pelo dinheiro que o Tesouro Nacional tem em caixa para rolar a dívida pública, os depósitos compulsórios recolhidos pelo Banco Central e os dólares das reservas internacionais. Essa proteção é quase 40% maior do que o governo tinha às vésperas da crise de 2008.

Somente no caixa do Tesouro estão depositados cerca de R$ 200 bilhões. Esse dinheiro, que é chamado no jargão econômico de colchão de liquidez, é para ser usado exclusivamente no pagamento de títulos do Tesouro que estão vencendo. Em caso de necessidade, o governo pode parar de ofertar novos papéis em seus leilões semanais para se financiar. Os recursos em caixa são suficientes para o Tesouro ficar sem vender um único título até o final de janeiro, mês em que tradicionalmente há maior concentração de vencimentos de papéis.

Já o dinheiro dos compulsórios - R$ 416,79 bilhões - poderá ser liberado pelo BC para garantir crédito no mercado interno e oferta de recursos em reais na economia, caso os bancos se retraiam e parem de emprestar dinheiro entre si e para os clientes. Já os dólares das reservas (US$ 350,9 bilhões ou cerca de R$ 570 bilhões, ao câmbio desta quinta-feira) podem garantir leilões de linha de crédito para manutenção das operações de comércio internacional, como foi feito pelo BC em 2008, e evitar desvalorização excessiva do real, que pode impactar a inflação e derrubar mais o crescimento econômico.

O ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, considera importante o Brasil ter defesas reforçadas neste momento de crise e incertezas. Mas avalia que, diferentemente de 2008, esse colchão só será acionado depois que a taxa de juros cair, como forma de preservar a atividade econômica. Segundo ele, o cenário contempla maior preocupação com o nível de atividade e, por isso, apesar de esperar manutenção da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o recurso da queda do juro deve ser o primeiro gatilho a ser acionado pelo governo.

Freitas considera que, na eventualidade de uma piora no quadro dos mercados, a primeira defesa que deverá ser utilizada é a reserva internacional, garantindo liquidez em dólar para o setor exportador e contendo possíveis disparadas do dólar. Os depósitos compulsórios só deverão ser acionados em caso de empoçamento de liquidez (situação em que o dinheiro fica parado nos bancos, sem circular na economia). “O compulsório não será tão importante quanto em 2008”, considerou.

Quanto ao colchão de liquidez do Tesouro Nacional, o economista considera que, em caso de alta volatilidade do mercado, essa reserva de recursos permite que o governo passe um bom tempo sem emitir títulos caso o mercado não queira os papéis do Tesouro ou cobre demais para adquirir os papéis. “Mas, se o Banco Central baixar a taxa Selic, certamente os investidores vão correr atrás dos papéis do Tesouro”, afirmou, referindo-se aos títulos prefixados (com remuneração fixa definida no leilão).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vai sair de linha em 2019

Vai sair de linha!  Confira quais carros serão retirados do mercado em 2019 Listamos sete automóveis que deverão sair do mercado ou ganha...