domingo, 3 de junho de 2012

Euforia do investidor com o Brasil acabou, diz Meirelles

Euforia do investidor com o Brasil acabou, diz Meirelles

Ex-presidente do Banco Central diz que investidor estrangeiro se preocupa com imposições do governo às empresas privadas

 
Henrique Meirelles da J%26F
"Não é minha intenção disputar cargo eletivo este ano", disse Meirelles, sobre a candidatura de José Serra

São Paulo - A euforia com o Brasil acabou e o investidor estrangeiro começa a mostrar sinais de preocupação com a frequência com que o governo tenta impor suas vontades às empresas privadas. Esses são alguns dos raros comentários que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles se permitiu fazer sobre o governo da presidente Dilma Rousseff, desde que saiu de Brasília. "Prefiro acreditar que (as intervenções) são reações à crise e que a tendência é voltar à normalidade", diz ele.

De volta ao setor privado, Meirelles hoje é presidente do Conselho de Administração do grupo J&F, dono do frigorífico JBS, chairman do banco de investimentos franco-americano Lazard e membro do conselho da empresa aérea Azul. Nesta entrevista, além de falar sobre economia, Meirelles contou sobre sua nova rotina e disse que seu próximo passo pode ser virar empresário.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Os comentários de que o investidor estrangeiro começa a manifestar um mal-estar com as intervenções do governo no setor privado estão aumentando. O sr. já ouviu algo assim?
O nível de preocupação geral do investidor estrangeiro aumentou muito. A situação da economia mudou bastante e os investidores estão muito mais cautelosos no mundo todo. Não há dúvida de que aquela euforia com o Brasil e mesmo com outros países não existe mais hoje. O que, de certa maneira, acho saudável.

Mas o sr. tem percebido nos investidores apreensão com a interferência do governo na vida das empresas ou não?
Existe, sim, essa preocupação. Me perguntam de fato muito sobre isso nas minhas palestras para investidores internacionais. Procuro chamar a atenção desses investidores para as questões institucionais básicas do Brasil. O País tem a mesma estrutura institucional, pratica uma economia de mercado, existem garantias de contrato. Pode haver questões pontuais e aí a história vai dizer até que ponto são reações conjunturais à crise ou uma tendência no futuro. Prefiro acreditar que são reações à crise e que a tendência é voltar à normalidade.

O PIB do primeiro trimestre cresceu só 0,2%. Por que o Brasil está crescendo tão pouco?
Estamos vivendo uma situação de retração econômica global importante. E não há dúvida de que isso impactou a economia brasileira. O governo está adotando uma série de medidas contracíclicas e vamos aguardar os desdobramentos para ver a reação da economia nos próximos meses. Estamos crescendo bem abaixo do potencial. Há espaço para aumentar o crescimento sem pressões que gerem desequilíbrio.

Alguns analistas entendem que no governo Dilma o Banco Central perdeu autonomia. O sr. Concorda?
Eu tenho uma decisão autoimposta de, durante pelo menos dois anos depois de sair do Banco Central, não fazer comentários sobre meus sucessores. A relação do governo com os bancos está quente por causa dos juros. Eles foram criticados pela presidente Dilma e pressionados pelo ministro Guido Mantega. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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