USHUAIA, Argentina, 2 Abr (Reuters) - A presidente argentina, Cristina Kirchner, marcou na segunda-feira o 30o aniversário do início da Guerra das Malvinas fazendo duras críticas à Grã-Bretanha por manter "enclaves coloniais", e reiterando seu apelo para que a soberania das ilhas seja discutida.

As relações entre Londres e Buenos Aires têm se deteriorado nos meses que antecederam a data relativa ao conflito de dez semanas no Atlântico Sul.

O premiê britânico, David Cameron, reiterou na segunda-feira que só aceita discutir a soberania das ilhas (chamadas de Falklands pelos britânicos) se os 3.000 ilhéus assim desejarem. Os moradores das ilhas têm afinidades culturais com a Grã-Bretanha, e não parecem dispostos a mudar de nacionalidade.

Ao mesmo tempo em que busca angariar apoio à sua causa na América Latina e em outros continentes, o governo argentino também se empenha em impedir a exploração petrolífera nas Malvinas, ameaçando ações judiciais e restrições à navegação.

Falando a veteranos de guerra na gélida cidade patagônica de Ushuaia, Cristina disse ser "uma injustiça que no século 21 enclaves coloniais como o que temos a poucos quilômetros de distância continuem existindo".
"Exigimos também que eles parem de pilhar nosso meio ambiente, nossos recursos naturais - pesca e petróleo", disse ela. "Não estamos exigindo nada além disso - diálogo entre ambos os países para discutir a questão da soberania, respeitando os interesses dos ilhéus."

Em Buenos Aires, um protesto realizado por grupos esquerdistas na embaixada britânica tornou-se violento, com confronto entre manifestantes e polícia que deixou vários feridos, segundo a televisão local.

A Guerra das Malvinas começou em 2 de abril de 1982, quando tropas despachadas pelo regime militar argentino da época desembarcaram nas ilhas. O conflito terminou 74 dias depois, com a morte de cerca de 650 argentinos e de 255 britânicos - todos militares.

A guerra é vista hoje como um erro que acelerou a queda do regime militar, mas a maioria da população local concorda que "las Malvinas son argentinas", e o assunto continua sendo uma espécie de símbolo nacional. O recortado mapa das ilhas, controladas desde 1833 pela Grã-Bretanha, é familiar em camisetas e cartazes. Os jornais publicam diariamente a previsão do tempo para Puerto Argentino - que é como os argentinos chamam a localidade de Stanley, capital do arquipélago.

Críticos de Cristina dizem que a reivindicação de soberania sobre as ilhas são uma conveniente forma de distrair a atenção de problemas econômicos na argentina.

Mas, na segunda-feira, ela rejeitou isso, dizendo que Cameron é que teria motivos para usar o assunto como forma de distrair os britânicos dos seus problemas econômicos. "É um argumento que não podem aplicar a nós. Ele é bem mais aplicável ao Reino Unido", afirmou.