quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mercosul está preparado para enfrentar avanço da crise, diz BID

Mercosul está preparado para enfrentar avanço da crise, diz BID

Para o economista José Flores, que comanda o departamento de Cone Sul, no BID, Brasil agiu de forma precisa ao conter a pressão inflacionária e depois estimular o mercado interno

Ilton Caldeira, iG São Paulo

A América Latina, e, em especial, os países do Cone Sul – Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai – estão mais bem preparados do que em toda sua história para enfrentar um recrudescimento da crise econômica que afeta principalmente a Europa. Essa é a avaliação do economista boliviano José Luis Lupo Flores, que assumiu na semana passada o comando do Departamento de Países do Cone Sul, no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

De acordo com ele, o mundo está completamente integrado e devido aos problemas na Europa e nos Estados Unidos, haverá alguma desaceleração no crescimento da região em 2012, mas nada substancial, que atrapalhe a trajetória de recuperação vivida na última década.

“Os efeitos da crise podem atingir os países da região, mas os efeitos negativos, se houverem, serão bem menores que no passado”, disse o executivo do BID.


Foto: Divulgação Ampliar
José Flores, diretor do BID: condução da economia está mais integrada no Cone Sul

Em entrevista exclusiva ao iG, durante sua primeira visita ao Brasil após assumir o posto, Flores afirmou que os mecanismos de coordenação da economia estão mais integrados e a gestão e controle dos riscos têm sido conduzidas de forma muito responsável na região. Segundo Flores, mesmo a Argentina, que tem apresentado uma inflação mais elevada que os demais países da região, e onde alguns dados são questionados por especialistas quanto a sua precisão, não teria problemas muito profundos com um agravamento da turbulência na economia mundial.

“Apesar de alguns descompassos, a Argentina tem recebido investimentos externos substanciais, existem boas condições macroeconômicas e exportações fortes”, disse. “Claro que os canais de contágio são difíceis de se prever em um cenário de deterioração maior. Mas, em linhas gerais, a região, historicamente, nunca esteve tão bem preparada”, acrescentou.

Segundo o diretor do BID, o Brasil pela sua importância para a região, caso sofresse um duro impacto com a crise, teria poder para desestabilizar os demais.

Mas o executivo do BID afasta essa possibilidade e ressalta que ao País está muito bem preparado, devido aos esforços de gestão feitos nos últimos anos, e conta com uma arma muito poderosa que é o grande mercado interno, capaz de manter a economia aquecida mesmo em um momento mais crítico.

“ O Brasil virou um paradigma no manejo da economia. No ano passado, a equipe econômica fez o que tinha que ser feito, no momento exato. Subiu os juros para conter a ameaça de inflação, depois dosou melhor os efeitos para evitar que a economia desacelerasse muito”, disse. “O foco me parece acertado, fortalecendo a classe média com a redução da pobreza e dando impulso ao mercado interno”, acrescentou.

Para economista, que chefiou diversos departamentos em organismos multilateraias e possui mestrado em Economia Internacional e doutorado em Produção e Operação Gerencial pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, o fortalecimento do Mercosul é outra alternativa que pode contribuir ainda mais para desenvolver a economia da região. “A integração, apesar dos desafios envolvidos, tem tudo para ser cada vez mais bem sucedida”, avaliou. “Mas é um projeto de longo prazo, como mostra o exemplo da União Europeia, e que não está imune aos efeitos das mudanças no âmbito político e econômico, como vemos agora com a crise na zona do euro”, disse.

Na avaliação de Flores, a economia da Europa é muito grande e uma deterioração do cenário na zona do euro afetaria todo o mundo. Para o economista, a lição mais importante que o Brasil e os demais países da região têm para oferecer ao velho continente é a necessidade de se proteger o sistema financeiro, mas mantendo uma certa flexibilidade para preservar a geração de emprego e renda e evitar uma convulsão social.

“Os países do Cone Sul, passaram por isso com sacrifício, mas com flexibilidade. Nos Estados Unidos houve um ajuste forte na economia e o emprego sofreu. Mas como a economia americana é mais flexível e pujante, o mercado de trabalho começa a reagir”, disse o executivo do BID.

"Na Europa, a capacidade de flexibilizar a economia é menor. Mas é necessário não descuidar das demandas sociais, mesmo gerindo a crise com os olhos nas variáveis econômicas”, acrescentou Flores.

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