quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Humanizar a ciência

Humanizar a ciência pode fazer com que apareça mais gente apaixonada pelo conhecimento

Apesar de vivermos numa sociedade conectada e de sabermos que a ciência é o sustentáculo de tantas maravilhas eletrônicas, o saber científico parece algo a ser contemplado à distância

 
Para muitos de nós, desde o início de nossa alfabetização, a ciência parece um campo distante e completamente hermético em relação à nossa vivência cotidiana. Nossos estudantes – crianças e adolescentes – simplesmente não conhecem de fato os cientistas e, apesar de estudarem um componente curricular chamado “Ciências”, provavelmente não têm a dimensão do que seja essa prática humana. Sabemos que existiu um Galileu, um Newton e um Darwin, mas nos contentamos em nos encantarmos com seu brilhantismo.
Ciência é atividade humana e humano erra. Na maior parte dos casos, um cientista que se tornou célebre por um invento ou descoberta apenas concluiu um trabalho com idas e vindas.

Ainda assim, o aluno vê o cientista como ser iluminado, acima e além de seu tempo, e a ciência como um campo quase sagrado quando, na verdade, cientistas, filósofos, artistas e atletas é gente do povo, pessoas iguais às outras.

Ciência é atividade cotidiana, necessária e própria de quem tem dúvidas, inquietações e necessidades materiais. Fazer ciência é desenvolver conhecimento. Daí estas palavras serem sinônimos em muitas situações. E, o que é melhor, poder acontecer na sala de aula - não como pura repetição de feitos famosos, mas como empreitada do dia a dia.

É preciso mostrar aos alunos que o conhecimento que desenvolvem ali na sala de aula, hoje, pode gerar futuramente grandes descobertas ou invenções que melhorem a vida das pessoas - ou as alegre ou entretenha, não importa! É necessário criarmos momentos em que discorram sobre situações da natureza, tentando interpretá-las e propondo teorias que validem tais interpretações. É preciso desenvolver um grupo que investigue o mundo ao invés deste que apenas o cataloga e repete “verdades”. Afinal, será que as verdades conceituais são mais importantes para o estudante do que a postura de investigador que ele pode desenvolver?

Como professor, as oportunidades que tenho vivenciado de falar a alunos de ensinos fundamental e médio mostram-me claramente que podemos, sim, despertar um interesse maior pelas coisas do conhecimento. Talvez, mais do que mitos fantásticos, nossos jovens apreciem pessoas de carne e osso, que se imortalizaram justamente porque, não sendo gênios absolutos, eram grandes trabalhadores.

João Luiz Muzinatti é engenheiro, mestre em História da Ciência. Dirige a ABC Dislexia, entidade de atendimento a alunos, consultoria, cursos e palestras em Educação

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