Críticas na Internet levam China a combater poluição
Governo determinou que as 30 maiores cidades comecem a monitorar presença de partículas nocivas à atmosfera
Pedestre caminha sobre viaduto com máscara de proteção contra a poluição em Pequim Foto: Gilles Sabrie / NYTNS
Sharon Lafraniere, de Pequim
Cansados de esperar que as autoridades alertassem os moradores sobre o poluente mais perigoso da cidade, um grupo de cidadãos procurou uma solução para o problema. Eles gastaram US$ 4 mil em um aparelho que monitora a qualidade do ar e começaram a postar os resultados diariamente na internet. Isso deu início a uma reação em cadeia.
Voluntários em Xangai e Guangzhou compraram aparelhos semelhantes em dezembro. Os moradores de Wenzhou estão vendendo laranjas para conseguir o dinheiro necessário para também comprar o aparelho. Além disso, Wenzhou doou US$ 50 para incentivar os voluntários de Wuhan, a 225 quilômetros da cidade, a começarem sua campanha.
Funcionários do governo afirmam há anos que a qualidade do ar melhora constantemente na China. Eles afirmaram que a cidade de Pequim, por exemplo, teve 274 dias de "céu azul" em 2011. Contudo, essa estatística é facilmente desmentida pela grossa camada de poluição que cobriu os céus da cidade durante boa parte do ano.
Confrontados com a nova onda de críticas na internet, os altos muros do discurso oficial sobre o meio ambiente começam a desabar. Recentemente, o governo mudou de atitude e passou a monitorar os níveis dos poluentes mais perigosos presentes no ar das cidades: as partículas com 2,5 micrômetros de diâmetro ou menos, também conhecidas como PM 2,5.
O governo ordenou que as 30 maiores cidades do país comecem a monitorar a presença dessas partículas ainda este ano. No ano que vem, serão mais 80 cidades. O Ministério da Proteção Ambiental prometeu que irá estabelecer normas sanitárias para as partículas mais finas "o mais breve possível".
Após anos escondendo a verdade sobre os poluentes, no mês de janeiro a cidade de Pequim começou a publicar de hora em hora os dados registrados em uma estação de monitoramento. Ma Jun, diretor do Instituto de Assuntos Públicos e Ambientais, uma organização sem fins lucrativos de Pequim, acredita que a reação do povo chinês foi responsável por esses avanços.
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