ESTALEIROS CRIAM BARCO DE R$ 26 MIL PARA ATRAIR CLASSE C
EVENTO TEM MODELOS DE ATÉ R$ 9 MILHÕES, COM DESTAQUE PARA EMBARCAÇÃO DESENHADA PELA BMW
Na novela Avenida Brasil, Max é um pobretão que vive às custas do dinheiro alheio e se orgulha de seu barco Schaefer de 38 pés, estimado em R$ 700 mil. Para o vilão, a embarcação é sinônimo de status e poder.
Vilanias à parte, muitos, assim como o personagem, sonham em ter o próprio barco, mas acreditam não ter dinheiro suficiente para isso.
De olho neste público, muitos estaleiros passaram a desenvolver modelos de embarcações com preços mais acessíveis. No São Paulo Boat Show 2012, por exemplo, a maior novidade será um barco Ventura de R$ 26 mil. Manter esse mimo de 16 pés e motor de 40 cavalos custa o equivalente a R$ 3,9 mil ao ano. A estimativa do fabricante inclui 100 horas de manutenção, seguro e aluguel. O preço é chamativo, em um evento que apresenta modelos de até R$ 9 milhões.
Ernani Paciornik, organizador do evento, explica que a estratégia é uma forma de reaquecer o mercado. Como o ano passado foi marcado por uma crise, os estaleiros estão com as vendas represadas. Principalmente os importados foram bastante impactados pelo IPI, que subiu de 10% para 30%, e pelo dólar. O jeito foi rever as linhas de produtos e criar novos modelos de entrada.
“Antigamente o produto para a classe C custava R$ 40 mil. Com esse lançamento, provavelmente os estaleiros vão rever seu mix de produtos e baixar o preço de seus modelos de entrada”, diz Paciornik. “Como aspiracional, o desejo de ter um barco é algo que vem desde a infância”. O objetivo dos estaleiros é que as famílias comprem o barco em vez do segundo carro e, com isso, sejam fidelizados.
A 15ª edição do evento acontece entre 28 de setembro e 3 de outubro, em São Paulo (SP). A expectativa é de que a feira movimente R$ 25 milhões em vendas, 15% a mais que no ano passado. Os dois salões – o de SP e o do Rio de Janeiro, que aconteceu em abril – respondem por cerca de 60% das vendas do setor no ano, segundo os organizadores.
Mesmo a estagnação no Brasil, diante da crise que assola os Estados Unidos e a Europa, não foi suficiente para afastar os estaleiros internacionais. A Brunswick que o diga. O maior estaleiro norte-americano investiu, há um ano, R$ 24 milhões em uma linha de produção em Joinville (SC) e estreia seis novos modelos no evento.
O mercado em números
Mas mesmo em tempos de crise, os números do setor no Brasil não são desprezíveis. De 2007 a 2011, o mercado náutico tem crescido anualmente o dobro do PIB nacional. Dos US$ 800 milhões em vendas de 2011, 62% são dos barcos grandes, de 40 a 79 pés, um faturamento de US$ 500 milhões. As embarcações médias, de 24 a 39 pés, ficaram com 25% do total e faturaram US$ 200 milhões o ano passado, enquanto, as pequenas, abaixo de 23 pés, movimentaram 13% e faturaram US$ 100 milhões.
Mas mesmo em tempos de crise, os números do setor no Brasil não são desprezíveis. De 2007 a 2011, o mercado náutico tem crescido anualmente o dobro do PIB nacional. Dos US$ 800 milhões em vendas de 2011, 62% são dos barcos grandes, de 40 a 79 pés, um faturamento de US$ 500 milhões. As embarcações médias, de 24 a 39 pés, ficaram com 25% do total e faturaram US$ 200 milhões o ano passado, enquanto, as pequenas, abaixo de 23 pés, movimentaram 13% e faturaram US$ 100 milhões.
O potencial de crescimento é grande, já que a relação barco por habitante no Brasil é bem inferior a dos países ricos. No Brasil, temos um barco para cada 292 habitantes, enquanto na França é um para 63 e, nos Estados Unidos, um para 23.
E é nesse novo público de consumidores que apostam os estaleiros. A ascensão das classes sociais alavancou as vendas em nichos que representam sonhos de consumo, como o náutico. “A classe A ainda é a maior consumidora de barcos no Brasil. Porém, o crescimento da economia nacional, aliado aos financiamentos e às linhas de crédito bancário, estão mudando o consumo no país. As classes B e C têm apresentado uma participação cada vez mais expressiva”, afirma Paciornik.
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