Desde a pré-história, roupas são bem mais que meros acessórios para impedir os seres humanos de andarem nus. Até mesmo em sociedades ou comunidades onde vesti-las não se constitui um costume, os adereços e pinturas no corpo têm funções mais simbólicas e menos utilitárias, seja para distinguir homens de mulheres, adultos de crianças, líderes de liderados, tribos de outras tribos ou simplesmente expressar uma identidade particular.
Em outras palavras, roupa é status. E, numa sociedade definida pelo consumo, a busca por ascensão na vitrine social muitas vezes se concentra naquilo que se veste. Assim, vestir grifes estrangeiras, num Brasil açucareiro que ainda
prefere tequila a cachaça, pode garantir uns degraus acima nos mostruários mais populares, como ruas, ambientes de trabalho e baladas.
Sabendo disso, algumas marcas brasileiras resolveram apostar na pose de gringas e conseguiram muito sucesso. Talvez, alguns de vocês costumem usá-las, nem saibam que são brasileiras e se decepcionem ao descobrir que são tupiniquins. Mas, por mais dura que seja, a verdade sempre aparece. =)
Veja abaixo cinco marcas brasileiras que muita gente achava que eram gringas:
John John
Sensação do momento, marca está na cabeça e no corpo de milhões de jovens brasileiros. Com nome em inglês, slogan em inglês e campanhas estreladas por astros teen internacionais, como Zac Efron, grife é, para muitos de seus consumidores, norte-americana ou inglesa. No entanto, seu berço é o município de Tietê, em São Paulo. Fundada pelo empresário João Foltran, foi vendida para o grupo Restoque (Le Lis Blanc, Bo.Bô e Rosa Chá), também brasileiro, por R$ 29,1 milhões. Mas a produção ainda está a cargo da lavanderia de jeans da família de João. A origem do nome é um apelido que o fundador tinha quando criança.
Cavalera
Hoje, já bastante conhecida, a marca não tem mais tanta pose de estrangeira. O sucesso em eventos de moda importantes do país, inevitavelmente, revelou sua história. Mas muita gente achava que era gringa logo que estourou, nos anos 1990, muito associada à street wear, à cultura pop globalizada e à imagem de um de seus fundadores, Igor Cavalera, então baterista da Sepultura, banda brasileira de heavy metal que conquistou o mundo com músicas em inglês (também é uma marca que até hoje muita gente acha que é de outro país).
Zoomp
Fundada nos anos 1970, época em que as confecções de jeans se expandiam no Brasil, a marca fez muito sucesso junto à elite paulistana e logo se tornou objeto de desejo em todo o Brasil. Sua estratégia era parecida com a da John John: nome em inglês, campanhas em inglês e clientes/garotos propaganda nas high society. Nos anos 1990, a marca foi deixando aos poucos de ser de luxo e se associou mais ao street wear. No final dos anos 2000, entrou em dificuldades financeiras e quase sumiu, mas acabou comprada com um grupo de investimentos.
Forum
A mais famosa do grupo de marcas criadas pelo estilista carioca Tufi Duek (faziam parte ainda a Triton e a Tufi Duek), também seguia a linha gringa de se apresentar. Hoje, todas as marcas fundadas por Duek pertencem ao Grupo AMC Têxtil, que detém em seu portfólio outra grife que muita gente também acha que é gringa.
Colcci
Uma das marcas pertencentes ao Grupo AMC Têxtil, é uma marca brasileira de roupas fundadas em 1976, em Brusque/SC. Embora nunca tenha se posicionado entre as marcas de luxo AAA, a grafia italiana fez muita gente pensar que se tratava de uma grife europeia.
Conhece mais alguma marca que parece estrangeiras, mas é brasileira? Deixe nos comentários.
Em tempo: nossos leitores deram mais algumas dicas de marcas brasileiras com cara de gringas, que você pode ver nos comentários. Vale o destaque para a Chilli Beans, grife nacional de óculos lançada em 1997, como uma alternativa de produtos com design arrojado e preços acessíveis.