Kirchner convoca ato público contra presença inglesa nas Malvinas
Os habitantes da ilha temem que a presidente endureça ainda mais as relações
Terry Sewar/MOD2012/AFP
O Reino Unido enviou um de seus navios de guerra mais modernos, o HMS Dauntless, às ilhas Malvinas
A presidente argentina Cristina Kirchner convocou para a tarde desta terça-feira (7), um ato público contra a presença inglesa nas Malvinas. O evento ocorrerá na Casa Rosada, sede do governo, e participarão governadores, congressistas e organizações civis.
O ato de Cristina, de acordo com a imprensa argentina, assustou os habitantes do arquipélago. Teme-se que o governo portenho corte alguns convênios importantes para a economia local. Dentre os convênios, incluem-se a permissão de um voo semanal operado pela companhia chilena LAN.
A imprensa das Malvinas noticiou o evento da presidente argentina destacando a natureza sigilosa do conteúdo da ocasião. A expectativa de que Cristina rompa algum acordo importante para as atividades na ilha pode se concretizar dificultando a vida dos habitantes locais.
O convite da presidente surpreendeu a todos e se abrangeu também a oposição. Entretanto, a URC (União Radical Cívica, principal partido da oposição) anunciou que não participará do evento. São esperados também, veteranos de guerra, dirigentes sindicais e organizações sociais entre outras lideranças.
O ato será às 19h (horário local, 20h horário de Brasília) no Salão dos Patriotas Latino-americanos. A poucas semanas das homenagens ao 30º aniversário da Guerra das Malvinas, a presidente Cristina e seu contraparte inglês, David Cameron, trocaram acusações sobre o arquipélago, aumentando o ambiente de conflito.
Os argentinos se tornaram mais agressivos na mesma medida em que as atividades de exploração de petróleo aumentaram na ilha ao longo dos últimos anos. A tensão aumentou mais quando o Mercosul (formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai ) aceitou não receber em seus portos navios com bandeira das Malvinas. O Reino Unido, por sua vez, enviou o príncipe William, que chegou ao arquipélago no sábado (4). O principal navio de guerra inglês também foi mobilizado para a região. Cameron também anunciou que deverá visitar o local durante as comemorações da do conflito que começou há quase 30 anos, no dia 2 de abril de 1982.
Na quinta-feira (2), grupos extremistas protestaram em Buenos Aires e atacaram uma filial de um banco inglês com bombas de tinta. Os manifestantes estavam armados com paus e com os rostos cobertos, assustando turistas na região central da capital argentina.
A polêmica
Neste ano completarão 30 anos do fim do conflito entre os dois países pelo território. Em 1982, a superioridade militar inglesa bateu com facilidade a vontade argentina, que motivou a invasão.
A reativação deste debate se deu não apenas devido ao aniversário do conflito.
Em 2009, o Reino Unido iniciou diversas atividades a fim de descobrir petróleo na ilha. Geograficamente, as Malvinas são bastante similares à região onde recentemente o Brasil descobriu o precioso óleo.
As evidências relacionadas à mineração em alto-mar se intensificaram no arquipélago, com aumento do tráfego de barcos fornecendo diversos materiais para a atividade. Este fato fortaleceu a tese de que em breve os ingleses deverão conseguir produzir petróleo no local.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, desde então, intensificou os protestos colocando mais uma vez em questão a soberania britânica. Nesta empreitada, a líder portenha conseguiu fazer os membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) não aceitarem mais em seus portos os navios com a bandeira da ilha, para assim dificultar o projeto de produção de petróleo.
Histórico
A Argentina questiona a soberania inglesa nas Malvinas desde o século 19. Durante o período de independência das colônias, os espanhóis abandonaram o arquipélago em 1811. Em 1827, os argentinos começaram a enviar colonos para ocupar a ilha.
Entretanto, em 1833, o Império Britânico desembarcou na ilha reivindicando o território. Diante da inferioridade militar, os argentinos retornaram ao continente sem resistência.
Apenas em 1982, durante uma crise política interna, a ditadura argentina resolveu empreender um ataque à ilha inglesa. O conflito ficou conhecido como a Guerra das Malvinas e durou menos de três meses. Em consequência das batalhas, 649 soldados argentinos, 255 britânicos e três civis morreram.
O príncipe William iniciou sua missão como piloto de helicóptero nas Malvinas, informou neste sábado (4) o ministério britânico da Defesa, em um comunicado, uma operação que tem provocado irritação nas autoridades argentinas (Andy Malthouse/04.02.2012/MOD/AFP)
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