quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Para reduzir alavancagem, Marfrig vai investir menos

Por De São Paulo
 
Anna Carolina Negri/Valor/Anna Carolina Negri/Valor
Florence: US$ 400 milhões da venda do negócio de logística da Keystone servirão para a redução do endividamento

Assim como sua concorrente JBS, a Marfrig - cujas ações também sofrem na bolsa - informou ontem que vai reduzir os investimentos no próximo ano como forma de reduzir sua alavancagem e melhorar a geração de caixa. Em teleconferência com analistas, para explicar detalhes da venda do negócio de logística especializada para redes de fast-food de sua subsidiária Keystone Foods, o presidente da Marfrig, Marcos Molina, disse que a empresa foi "agressiva em Capex nos últimos anos". Agora, espera o retorno desses investimentos.

"Vão ser muito reduzidos em 2012", disse Molina, referindo-se a aportes, mas sem mencionar números. No primeiro semestre deste ano, a Marfrig investiu R$ 534,7 milhões. "Temos que entregar os resultados do que compramos", afirmou. Desde 2006, antes mesmo de abrir o capital na bolsa, a Marfrig comprou 18 empresas no Brasil e no exterior por cerca de R$ 7 bilhões.

De acordo com o diretor de relações com investidores e de estratégia corporativa da Marfrig, Ricardo Florence, os US$ 400 milhões provenientes da venda do negócio de logística da Keystone Foods para a americana The Martin-Brower Company, L.L.C, serão usados "prioritariamente para redução de endividamento da empresa". "Com isso, acreditamos que a companhia tem toda a condição de voltar a ter mais eficiência operacional e produtividade maior", acrescentou.

A Marfrig encerrou o segundo trimestre do ano com dívida líquida de R$ 6,385 bilhões e lucro antes de juros impostos e depreciação (Ebtida) de R$ 277,8 milhões. A alavancagem no fim do trimestre (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 3,90 vezes.

Florence definiu a operação como uma "nova etapa na estratégia do grupo, que está cada vez mais focado no negócio principal de proteínas". A receita do negócio de logística da Keystone correspondeu, em 2010, a 18% da receita total de US$ 2,7 bilhões da subsidiária da Marfrig.

Questionado por analistas sobre a alienação de outros ativos, Molina disse que o terminal da Seara no porto de Itajaí (SC) está em processo de venda. "Não é core da Marfrig", disse. O terminal não vem sendo utilizado pela Seara e só presta serviços a terceiros, segundo Florence.

Desde agosto, as ações da Marfrig sofrem na bolsa, resultado, principalmente, do desmonte de posições alavancadas que eram mantidas pela gestora de recursos GWI. Além da forte queda dos papéis - só neste mês, o recuo é de 6,63% -, os títulos de dívida externa da Marfrig também se desvalorizaram recentemente, reflexo da aversão ao risco no mercado internacional. Desde o início do mês, os bônus externos com vencimento em 2020 acumulam perda de 12,43%, segundo o Valor Data.

Na teleconferência, Florence foi indagado se a empresa considera fazer uma oferta por esses bonds. O executivo descartou a possibilidade. "A empresa tem cronograma de pagamentos e entende que a situação de valor de face [dos títulos] foi grandemente afetada pelo que aconteceu no mercado de ações". Ele reiterou, porém, que os fundamentos da companhia permanecem positivos.

Durante a teleconferência, na qual jornalistas puderam participar apenas como ouvintes, a Marfrig não falou da possível negociação para a troca de ativos com a BRF Brasil Foods.

A empresa resultado da união entre Perdigão e Sadia admitiu que pode recorrer à troca de ativos com outra companhia para alienar unidades e marcas, condição imposta pelo Cade para sua criação. No mercado, há informações de que estaria negociando a troca com a Marfrig. A operação envolveria a Moy Park, na Europa, e a Quick Food, na Argentina. A Marfrig nega a negociação. (AAR)

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