Folha de S. Paulo - SÃO PAULO - Agora vai. O governo Dilma Rousseff mostrou as garras para o imperialismo asiático que ameaça os lucros da indústria automotiva aqui instalada.
Protegemos nossos empregos, rugiu a área econômica ao defender o impostaço para carros importados. Quem nos acionar na Organização Mundial do Comércio, desafia o governo, será processado em represália, pois não há inocentes nessa história.
Imagine-se, leitor, no lugar de um empresário que mobilizou suas economias e se endividou até onde podia para abrir um negócio de veículos importados.
Ele achava que conhecia as regras do jogo. Calculou que, apesar do salgado imposto de importação de 35% -o maior que o Brasil pode aplicar-, a expansão doméstica e os atrativos do produto justificavam investir.
Contratou empregados, fez acordo com fornecedores e começou a vender. Certo dia, de surpresa, nossos nacionalistas em Brasília acordaram invocados e resolveram dinamitar o negócio dele. Só o dele, porque o concorrente que vende "produto nacional" escapou do massacre do IPI.
A cruzada nacionalista também atinge o consumidor que optaria por um importado. Escolha um "nacional" piorzinho e salve empregos no Brasil, propõe o governo.
Mas por que devemos cair nessa lorota se não há contrapartida para o lobby das montadoras beneficiadas? Estão desobrigadas de contratar mais, poluir menos, elevar a eficiência, a tecnologia ou a produtividade de fábricas e veículos.
Os burocratas da gestão Rousseff apreciam o "modelo asiático" apenas em seu aspecto estatal-intervencionista. Esquecem que nações como a Coreia do Sul se desenvolveram também pela imposição seja de freios severos no gasto público, seja de metas de excelência no ensino e na tecnologia. Em matéria de nacionalistas, os nossos continuam piores que os outros.
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