sábado, 13 de agosto de 2011

Mundo - Muro de Berlim

Construção do Muro de Berlim completa 50 anos

Em 13 de agosto de 1961, República Democrática Alemã começava a construir um dos maiores símbolos da Guerra Fria


Em meio a suspeitas, em agosto daquele ano, o chefe de Estado da Alemanha comunista Walter Ulbricht afirmava que ninguém tinha a intenção de construir um muro. Hoje, cinco décadas mais tarde, historiadores se perguntam o que estava por trás da declaração de Ulbricht, feita um mês e meio antes de Berlim amanhecer dividida.

Que a Alemanha comunista pretendia "garantir" a fronteira era sabido, assim como também era que a divisão entre os setores leste e oeste de Berlim era o principal corredor para fugir à Alemanha capitalista.

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Foto de 13 de agosto de 1961 mostra militares da Alemanha Orienteal removendo blocos em Friedrich Strasse, no leste de Berlim


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Foto de 13 de agosto de 1961 mostra trabalhador em construção de partes do Muro de Berlim
</span> - <strong>Foto: AP</strong> <span>Tanques dispostos perto da Ponte Warschauer, em Berlim (13/8)</span> - <strong>Foto: AP</strong> <span>Berlinenses sobem no Muro de Berlim para comemorar o fim efetivo da divisão da cidade. Berlim, 31 de dezembro de 1989</span> - <strong>Foto: Steve Eason/ Hulton Archive/ Getty </strong> <span>Partes originais do Muro de Berlim, 50 anos depois de sua construção (11/8)</span> - <strong>Foto: AP</strong> <span>
Turistas holandeses visitam parte reconstruída do Muro de Berlim em Bernauer Strasse, Berlim (10/8)
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Turista italiana passa por parte pintada do antigo Muro de Berlim, renomeada de East Side Gallerie (9/8)
</span> - <strong>Foto: AP</strong>
Foto de 13 de agosto de 1961 mostra militares da Alemanha Orienteal removendo blocos em Friedrich Strasse, no leste de Berlim - Foto: AP
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Desde 1945, 3,5 milhões de cidadãos germânico-orientais haviam deixado a RDA em direção à República Federal da Alemanha (RFA). Nos primeiros seis meses de 1961, o número de foragidos chegava a 200 mil.

Enquanto Ulbricht pronunciava seu desmentido, nos arredores de Berlim se armazenavam quilômetros de aramados fabricados em ritmo vertiginoso, toneladas de blocos de concreto, tijolos e cimento, como documentou uma reportagem da rede de televisão pública ARD transmitida nos últimos dias.
Além disso, milhares de soldados das forças de segurança da RDA levavam semanas treinando para operações que começaram apenas no dia 13 de agosto com o fechamento das estações de metrô e das ferrovias.

Documento
Até agora, a ideia geral era que a construção do muro havia surpreendido a espionagem ocidental, assim como pegou de surpresa o próprio chanceler da Alemanha ocidental na época, Konrad Adenauer, e o então prefeito de Berlim, o social-democrata Willy Brandt. Mas documentos relatam, no entanto, que serviços secretos da RFA já estavam de sobreaviso.

"Norman se inteirou por meio de suas fontes em Berlim Oriental que estão sendo tomadas medidas para que, entre os dias 12 e 18 de agosto, fiquem fechadas as fronteiras entre os setores", constatava a ata 4.288, com data de 11 de agosto de 1968, da unidade Flora dos serviços de espionagem da Alemanha ocidental, o Bundesnachrichtendienst (BND).

"Norman" era a alcunha do agente de Berlim Oriental, onde operavam agentes secretos de todas as potências envolvidas, mais as da Alemanha ocidental.

O relatório 4.288 é uma das 5 mil atas reveladas pelo BND e divulgadas pelos jornais Süddeutsche Zeitung e Berliner Zeitung. Os documentos compilados pelo BND entre 1952 e 1962 são centrados nas tensões entre as potências ocidentais e as voltadas à União Soviética.

Nesta semana, o ministro do Interior alemão, Hans-Peter Friedrich, classificou a construção do Muro de Berlim como um ato de violência contra a população.

“A República Democrática Alemã não podia viver sem o muro, mas também não pôde continuar com ele", declarou em um ato comemorativo, celebrado na antiga Casa dos Ministérios da República Democrática Alemã, atual sede do Ministério das Finanças alemão. Friedrich acrescentou ainda que cada uma das vítimas do regime fronteiriço é uma testemunha de que a Alemanha oriental infringiu direitos humanos fundamentais.

Desde 13 de agosto de 1961, que Berlim amanheceu partida se seguiram 10.680 dias de divisão forçada até 9 de novembro de 1989, quando o porta-voz do Politburo, Günter Schabowski, leu um comunicado segundo o qual a RDA permitia a seus cidadãos viajar ao oeste.

Klein Glienicke
A construção do Muro de Berlim transformou da noite para o cotidiano de algumas localidades como Klein Glienicke. O vilarejo de apenas 500 habitantes se tornou uma espécie de prisão fronteiriça.
Com uma singular geografia nos arredores de Berlim, Klein Glienicke é rodeada pelas águas do Lago Griebnitzsee e era cortada pelo muro. O vilarejo era acessível apenas com um salvo-conduto e atravessando uma estreita ponte desde a cidade oriental de Potsdam.

A exposição Por trás do Muro: Glienicke, lugar da divisão alemã faz um percurso pela "zona de segurança especial" que foi cenário de intercâmbios de agentes entre o Leste e o Oeste, durante a Guerra Fria.

Entre os habitantes de Klein Glienicke, cuja paisagem de palácios e jardins prussianos é patrimônio da Unesco, houve quem conseguisse fugir para o Ocidente, alguns saltando o muro com ajuda de uma escada ou mesmo cavando um túnel por meses.

Nos 28 anos de existência do chamado Muro da Vergonha, ao menos 136 pessoas morreram ao longo de seus 155 quilômetros de comprimento ao tentar passar da Alemanha oriental para o lado ocidental.

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