PIB cresceu mais que bem-estar no Brasil nos últimos 5 anos, diz Itaú
Qualidade de vida nem sempre acompanha crescimento no PIB, mostra Índice de Bem-Estar elaborado pelo Itaú Unibanco
A partir de 2008, a evolução do PIB foi mais rápida que o ganho de bem-estar, que cresceu a taxas mais lentas
São Paulo – Em muitas ocasiões, a evolução da qualidade de vida não acompanha a variação do PIB. É o que mostra o Índice Itaú de Bem-Estar Social, elaborado pelo banco e apresentado hoje.
“A vida pode melhorar muito mesmo quando o crescimento do PIB é baixo”, afirmou Eduardo Giannetti, professor do Insper, referindo-se ao período de menor crescimento que aparece no horizonte brasileiro.
No entanto, desde 2008, o PIB vem crescendo a um ritmo mais forte que o bem-estar no país (veja gráfico abaixo). A desaceleração deve-se à crise financeira global e ao aumento na taxa de homicídios no período, segundo o estudo. Os avanços em educaçã, saúde e saneamento também foram mais lentos entre 2008 e 2010.
Ao olhar para um período mais longo, entretanto, o saldo é positivo. A qualidade de vida teve importantes avanços nos últimos 20 anos, apesar de ter alternado momentos de crescimento mais pujante e estagnação.
O indicador de bem-estar vinha piorando até 1993. Entre 1994 e 1996 o crescimento do PIB foi baixo e o do bem-estar, o mais alto no período analisado, segundo Giannetti.
Nos anos seguintes até 2001, segue-se uma fase de estagnação do índice de bem-estar, marcada por crises de balanço de pagamentos em países emergentes, incluído o Brasil.
Nesse período, a melhora das condições humanas (exceto segurança) e da desigualdade (a taxas baixas) foi compensada pela piora nas condições econômicas, segundo o estudo. Entre 1997 e 2001, o bem-estar melhorou apenas em 1999, ano em que foi registrada uma queda nos indicadores de desigualdade social.
Após 2002, PIB e bem-estar cresceram em ritmos parecidos, mas, a partir de 2008, a evolução do PIB foi mais rápida que o ganho de bem-estar, que cresceu a taxas mais lentas.
O índice de bem-estar é diferente dos índices de felicidade que vêm sendo adotados por alguns países, segundo Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú-Unibanco. “O índice de bem-estar liga-se a coisa mais objetivas como saneamento, educação, já o índice de felicidade pode ligar-se a pesquisas que perguntam como as pessoas se sentem”, afirmou.
O Índice elaborado pelo Itaú é um indicador quantitativo do bem-estar, aos moldes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas mais adaptado à realidade brasileira, segundo o banco. Para o Itaú, o índice é complementar ao PIB e a outros indicadores como o próprio IDH.
O índice de bem-estar social é baseado em três grupos de subindicadores: condições econômicas (dividido em consumo e emprego), condições humanas (saúde e saneamento, educação, segurança) e igualdade social.
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