Em crise com o Planalto, base cobra novo modelo de relação com Dilma
Ed Ferreira/AE - 01.03.2012
"Presidente Dilma terá de desatar nós para evitar
impasse com aliados"
BRASÍLIA - Rebelados com o governo, os principais dirigentes
dos partidos integrantes da coalizão da presidente Dilma Rousseff querem um novo
modelo de relacionamento com o Palácio do Planalto, com menos poder para o PT,
mais diálogo entre os parlamentares e o cumprimento das promessas de liberação
das emendas parlamentares. Insatisfeita com a articulação política e com
atitudes do PT, a base aliada impôs uma derrota política a Dilma na semana
passada ao rejeitar a indicação de Bernardo Figueiredo com diretor-geral da
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Os aliados acham que o PT leva muita vantagem sobre os demais
16 partidos da coalizão na ocupação dos espaços e nos dividendos políticos de
realizações do governo.
O PMDB - porta-voz do descontentamento geral - reclama que não
recebe crédito por programas bem-sucedidos do governo, embora contribua para
aprová-los. Gaba-se de ser mais fiel que o PT. Cita a aprovação do Fundo de
Previdência dos Servidores (Funpresp) na Câmara, quando registrou só três votos
contrários ao governo. O PT teve oito dissidentes.
O PMDB reivindica também maior autonomia sobre os ministérios
que comanda: Agricultura, Assuntos Estratégicos, Minas e Energia, Previdência e
Turismo. 'Ao contrário dos ministérios do PT, como Saúde e Educação, e do PSB,
como Integração Nacional, nossos ministérios não dispõem de verbas para que
possamos anunciar obras nos municípios. Ficamos na dependência do PT', afirma o
líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
O problema, de acordo com os peemedebistas, é que mesmo nessa
situação, sem poder anunciar obras nem convênios, os ministérios ainda são
tutelados. O titular da Agricultura, Mendes Ribeiro, não pode fazer nada sem
consultar as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações
Institucionais). O mesmo ocorre com o Ministério do Turismo. O ministro Gastão
Vieira vive sob vigilância.
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