Quem investe em poupança ou CDB pode ficar mais pobre
Inflação alta tornou negativa a rentabilidade real de algumas das aplicações financeiras mais conservadoras do mercado; veja alternativas
Inflação: efeito devastador sobre aplicações de renda fixa de baixo risco
São Paulo – Do ponto de vista do investidor, a lógica dos juros é muito simples. Em troca da decisão de adiar um consumo que poderia ser imediato, o poupador recebe uma remuneração compensatória. No Brasil, país tradicionalmente conhecido pelos juros altos, é de se supor que a recompensa do investidor seja sempre atrativa. Mas os números mostram que não há grandes incentivos à poupança neste momento ainda que a taxa básica de juros da economia esteja em suculentos 11,5% ao ano.
O que acabou com a alegria de quem opta pelas formas de investimento mais populares e conservadoras do país foi a alta da inflação. Quem aplicou quantias baixas de recursos em CDBs, por exemplo, obteve uma rentabilidade de 4,78% entre janeiro e setembro deste ano – ou menos do que a inflação de 4,97% acumulada no período, segundo o IPCA, o principal indicador de preços ao consumidor do país. Isso quer dizer que esse investidor não apenas não ganhou nada em termos reais com a aplicação como também teve seu poder de compra corroído pelo dragão da inflação. E a tabela abaixo mostra que não é apenas quem comprou CDBs que não tem motivos para comemorar:
Aplicação* | Retorno nos 9 primeiros meses deste ano |
---|---|
Poupança | 5,62% |
CDB (aplicações de mais de 100.000 reais) | 5,44% |
CDB (aplicações de 5.000 reais) | 4,78% |
Fundos DI (pequenos investidores) | 5,67% |
Fundo DI | 7,08% |
Fundos de renda fixa | 7,47% |
IPCA | 4,97% |
CDI | 8,70% |
Ibovespa | -24,50% |
Dólar | 11,30% |
*Com exceção da poupança, todos os investimentos do quadro pagam Imposto de Renda. A alíquota considerada para se chegar ao retorno líquido foi de 20% dos ganhos, que é válida para investimentos de 9 a 12 meses |
Os números deixam claro que o retorno da renda fixa neste momento não é tão atrativo quanto parece porque a taxa de juros de 11,5% ao ano paga pela maioria dos títulos públicos do governo federal não vai diretamente para o bolso do comprador. Como a expectativa de redução da inflação medida pelo IPCA para algo em torno de 6,5% em 2011 deve ser acompanhada de uma queda da taxa Selic para cerca de 10,5% até janeiro, não é razoável supor que a melhora do cenário para o investidor conservador é iminente.
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