quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Onde a Brasil Foods pode comprar empresas - lá fora

Com as restrições impostas pelo Cade para aprovar sua criação, o maior espaço da Brasil Foods para aquisições está no exterior


 
DIVULGACAO
Caminhão da Sadia
Brasil Foods: empresa tem um atraso para recuperar, segundo consultor

São Paulo - A Brasil Foods tem pouco espaço para aquisições no Brasil, devido às restrições impostas pelo Cade para aprovar sua criação. Por isso, se quiser crescer via compras, o caminho mais livre é o exterior. Mas onde estariam as boas opções para a empresa?
O primeiro e mais óbvio alvo é a América Latina, segundo Osler Desouzart, consultor da OD Consulting, e ex-executivo da Sadia e da Perdigão. Um sinal disso foi a própria compra, anunciada ontem, do controle das argentinas Avex e Dánica por 150 milhões de dólares.

“Haveria benefícios também em posições no Chile, Peru e Colômbia”, afirmou Desouzart. “São países que tem recursos naturais, gente ou tradição na atividade”, disse.

Desouzart destaca ainda o Oriente Médio, a Europa Oriental (com Rússia e Ucrânia) e Estados Unidos - ou países que deem acesso ao mercado americano, como o México. Por último, o consultor vê oportunidades na África no longo prazo, e na Ásia no muito longo prazo.

Novo modelo

Mas não são apenas as restrições do Cade que levarão a Brasil Foods a investir em aquisições no exterior. A melhor forma de entrar em outros países é comprar alguém localmente, segundo Desouzart. Através de aquisições, as empresas compram não apenas os ativos, mas também uma posição de mercado e conhecimentos sobre o país.

Em 2010, a Brasil Foods foi a terceira maior exportadora nacional. A empresa exporta para 140 países e possui três fábricas no exterior: na Argentina, no Reino Unido e na Holanda. Para Desouzart, o modelo de produzir em um país e exportar para outros está esgotado e, como o setor é muito concentrado, as empresas precisam ter presença nos principais mercados.

O próprio presidente da Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay, afirmou recentemente que a indústria brasileira de alimentos precisa ser mais ativa no mercado interno de outros países. Na ocasião, Fay lembrou que apenas 10% do consumo mundial é comercializado globalmente. Os outros 90% são produzidos pelos próprios países e consumidos internamente.

Distância

A aquisição Avex e da Dánica segue de perto essa lógica. Além dos portfólios (a Dánica é líder local no segmento de margarina), a Brasil Foods também terá acesso direto aos consumidores por causa da estrutura de distribuição da Dánica, segundo relatório do Itaú BBS assinado pela analista Juliana Rozenbaum.

O relatório saúda o pequeno passo da empresa rumo à construção de uma plataforma internacional, principalmente porque envolve subir na cadeia de valor e ficar mais perto dos consumidores (por ter comprado ativos de distribuição), segundo Rozenbaum.

Na prática, esta foi a estratégia adotada por outras empresas de alimentos, como o JBS e o Marfrig, que buscaram plantas no exterior para atender os mercados locais. Para Desouzart, a Brasil Foods “saiu do porto” com a compra das argentinas. Mas saiu um tanto tarde. “Há um atraso para recuperar”, disse. Para os especialistas, o franguinho que representa uma de suas marcas vai ter de correr muito para encurtar essa distância dos rivais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vai sair de linha em 2019

Vai sair de linha!  Confira quais carros serão retirados do mercado em 2019 Listamos sete automóveis que deverão sair do mercado ou ganha...