Déficit brasileiro de US$ 25,5 bilhões no semestre é recorde
Saldo negativo de janeiro a junho foi influenciado pela conta de serviços, aponta o BC
GERVÁSIO BAPTISTA/ABR/JC
O déficit nas transações correntes de janeiro a junho de 2011 foi de US$ 25,448 bilhões, um recorde para o primeiro semestre. Apesar disso, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, destacou que esse crescimento vem sendo acompanhado no aumento do investimento estrangeiro direto (IED), que alcançou US$ 5,351 bilhões em junho e US$ 42,705 bilhões de janeiro a junho - recorde para o mês e para o primeiro semestre deste ano.Maciel destaca aumento do ingresso de recursos via investimento estrangeiro direto
Maciel afirmou também que o déficit em transações correntes no mês passado - US$ 3,3 bilhões - ficou ligeiramente abaixo da projeção do banco, que tinha sido de US$ 4,2 bilhões, devido principalmente ao desempenho das exportações na última semana de junho. Ainda segundo dados parciais do BC, até ontem os investimentos estrangeiros totalizaram US$ 3,6 bilhões e deverão fechar o mês de julho em US$ 4 bilhões. "É importante frisar que esse crescimento no déficit em transações correntes vem sendo acompanhado pelo crescimento do investimento estrangeiro direto, recorde no ano e em doze meses, o que ajuda a cobrir com folga o resultado negativo", ressaltou.
O déficit em transações correntes no mês passado, segundo Maciel, foi influenciado pela conta de serviços, sobretudo viagens internacionais e gastos com aluguel de equipamentos, principalmente no setor extrativo mineral de petróleo e gás. Segundo a nota do BC, as viagens internacionais registraram um saldo negativo em junho de US$ 1,364 bilhão.
Maciel informou que as remessas de lucros e dividendos enviadas por multinacionais estrangeiras com sede no País somaram US$ 18,768 bilhões no primeiro semestre deste ano, um valor recorde para o período, segundo a série histórica do BC. Ele informou ainda que em julho até hoje as remessas somam US$ 1,462 bilhão. Apesar do avanço dessa conta no ano, Maciel considera que o movimento não está tão forte. Já em relação aos gastos com juros, que caíram nos seis primeiros meses de 2011 ante igual período de 2010, Maciel afirmou que o movimento deve-se ao maior volume das reservas internacionais que gera maior receita com juros para o País, apesar dos juros baixos praticados lá fora.
Para o professor da PUC-SP Antônio Correa de Lacerda, a alta dos preços de commodities melhorou os resultados das contas externas do Brasil e vai aumentar o superávit comercial e reduzir o déficit de transações correntes deste ano. Ele destaca que o resultado negativo de contas-correntes de US$ 48,965 bilhões, ou 2,18% do PIB, no acumulado em 12 meses encerrados em junho, é o menor desde julho de 2010, ao levar em consideração a mesma base de comparação. "Em função do melhor cenário para as exportações de commodities, o saldo positivo da balança comercial deve subir dos US$ 12 bilhões que eu previa no início do ano para US$ 20 bilhões", destacou. Neste contexto, ele estima que o déficit de conta-corrente deve baixar de US$ 60 bilhões para US$ 50 bilhões em 2011.
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