Brasil crescerá mesmo com cenário adverso
ANTÔNIO CRUZ/ABR/JC
No CDES, Mantega critica a guerra cambial e afirma que até os EUA são usados para a triangulação.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o crescimento é sustentável no Brasil, mesmo com o cenário adverso da economia mundial. Ele lamentou a continuidade da crise iniciada em 2008 e disse que seria importante para o Brasil se a situação atual fosse de crescimento no mundo e de aumento da demanda por produtos de países emergentes. "Temos que nos haver com as consequências deste cenário, que são as políticas monetárias excessivamente expansionistas, desvalorização de moedas e problemas cambiais, além da falta de mercado para as manufaturas, que causam uma série de consequências adversas", disse o ministro, no Palácio do Planalto, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômicos e Social (CDES).
Segundo Mantega, o Brasil é atualmente um dos países mais bem preparados para enfrentar os problemas da economia global. Para ele, a economia brasileira tem capacidade de resistir à crise, seja pela solidez das contas públicas, seja pelo forte mercado interno. "O que falta hoje no mundo é mercado interno. Os países avançados não têm mercado interno, e parte dos emergentes acostumou-se a crescer à custa dos mercados alheios", afirmou.
Mesmo enfatizando a importância do mercado interno para ajudar o Brasil a crescer em uma situação de crise, Mantega afirmou que esta vantagem, construída ao longo dos anos, deve ser mantida com cautela e com medidas que possam equilibrar a demanda e reduzir o crescimento do crédito. O ministro disse ainda que o ajuste na economia, com redução do crédito, da demanda e dos gastos públicos, foi importante porque não provocou, no Brasil, a redução do nível de emprego. Mantega afirmou que a inflação está sob controle e que o País conseguirá manter a meta, abaixo do teto (6,5%), como vem fazendo desde 2005. "A inflação está sob controle e o governo continuará vigilante", disse o ministro. Segundo ele, o combate à inflação é prioridade do governo Dilma Rousseff. O ministro reforçou a fala da presidente na semana passada e disse que as medidas adotadas pelo Planalto não terão prejuízo para o crescimento.
O ministro voltou a reclamar da guerra cambial. "Não vamos deixar a guerra cambial nos derrotar. Estamos intensificando a defesa comercial do País para não deixar que nosso mercado de manufaturados seja prejudicado por outros países. Até os Estados Unidos estão sendo usados como países de triangulação. Por isso, talvez os EUA estejam com superávit comercial em relação ao Brasil."
Nenhum comentário:
Postar um comentário