Carrefour muda para Atacadão e tenta se manter rentável
Patrícia Comunello
As 13 operações entre lojas e serviços e uma filial da rede francesa de materiais de construção e itens para casa Leroy Merlin que integram o condomínio do antigo hipermercado do Carrefour, na avenida Sertório, em Porto Alegre, buscam se adaptar ao novo formato de varejo que deve ressurgir no empreendimento. A loja, inaugurada em fevereiro de 2009, será transformada na bandeira do Atacadão, também do grupo francês de supermercados.
Ontem, primeiro dia de fechamento do hipermercado, dirigentes do varejo avaliaram como positivas as perspectivas de novos clientes.
No Estado, a loja da Sertório e a de Novo Hamburgo são alvo da alteração do perfil. Na cidade do Vale do Sinos, a troca de negócio ocorre a portas fechadas. As demais, situadas em Porto Alegre (duas), Canoas, Caxias do Sul, Gravataí e Santa Maria não devem mudar, por enquanto. Para os lojistas, que dividem despesas como segurança e limpeza, e as mil vagas de estacionamento, o comunicado da revisão do modelo ocorreu há um mês. Tapumes foram posicionados em frente à área de caixas, que não interrompem o funcionamento do comércio, que inclui farmácia, petshop, café, restaurante, lavanderia, um McDonald's com cardápio de sorvetes, lan house e salão de beleza.
O diretor da única loja gaúcha da Leroy Merlin, Ricardo Morgado, destacou que os estabelecimentos são independentes e que o fluxo de clientes se mantém e não deve sofrer impacto. "O movimento só era mais intenso por causa da nossa operação", sustenta Morgado, que estima em 120 mil a 130 mil a clientela que passa por mês na filial. Para o diretor, a nova bandeira deve atrair novos públicos, que abrangem pequenos varejistas e consumidores de classes D e E.
"A alteração atrairá clientes que não viriam normalmente para cá", acredita o representante do varejo de materiais, que está na área de 9 mil metros quadrados desde agosto de 2009. A rede, com 22 lojas em todo o País, deve instalar a segunda no Rio Grande do Sul até metade de 2012, numa área já adquirida em São Leopoldo. "Será uma operação semelhante à da Capital", comparou Morgado, que estima o investimento em R$ 40 milhões. No País, outros seis estabelecimentos da marca operam junto a hipermercados de outros grupos.
O dono do restaurante Las Olivas, Arnildo de Moura, esperava queda no movimento no primeiro dia sem a companhia do hipermercado. Moura informou ontem que "graças a Deus" nada mudou. O local serve entre 200 e 300 almoços diários. "Servimos o mesmo número de refeições no almoço. Vamos manter a abertura e mesma estrutura. Podemos sofrer nos primeiros meses, mas tenho certeza de que será para melhor", torce o proprietário, que injetou quase R$ 1 milhão no local e precisa de renda para cobrir o custo de R$ 1,5 mil diários.
O Las Olivas fica no mesmo nível de acesso ao antigo hipermercado, na última posição da área de lojas. "Sou o maior aqui. Teve gente que reduziu o funcionamento, enxugando empregados e abertura. Vamos continuar até as 23h e abrindo aos domingos", sinalizou o microempresário, que acompanha os horários da Leroy Merlin.
Segundo o coordenador-geral do Provar, o grupo, que amargou uma derrota com a associação frustrada com o Pão de Açúcar (após a desistência do Bndes e a ação do coirmão francês Casino, que assumirá o controle do grupo brasileiro em 2012), tenta salvar os ganhos da operação com as lojas Atacadão. Ele lembra que os maiores acionistas do Carrefour, que envolvem outros nichos de mercado e com maiores lucratividades, estão descontentes há muito tempo. No setor de varejo de alimentos, a rentabilidade é de 1,2%.
"Na verdade, a coisa não está muito boa para eles", resume. Para Felisoni, o grupo francês restringiu suas possibilidades ao se manter no ramo com hipermercados, quando hoje há maior crescimento das chamadas lojas de vizinhança e que acoplam mais conveniência. O analista, professor da Universidade de São Paulo (USP), projeta que uma negociação para incorporação do grupo no Brasil pode estar mais perto. A rede americana Walmart foi apontada como a maior interessada. Hoje o Pão de Açúcar lidera o setor nacional, seguido pelo Carrefour e depois pelos americanos.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Longo, reforça que a opção da grife francesa é pela manutenção de nichos que ofereçam mais retorno. "Seguindo o modelo de preço baixo e volume que é característico da companhia", observa Longo. Conforme o supermercadista, a mudança não deve beneficiar grupos maiores, como Walmart, pois há muita concorrência. "Eles estão optando pelo nicho de atacarejo, que é um dos que mais crescem."
Ontem, primeiro dia de fechamento do hipermercado, dirigentes do varejo avaliaram como positivas as perspectivas de novos clientes.
No Estado, a loja da Sertório e a de Novo Hamburgo são alvo da alteração do perfil. Na cidade do Vale do Sinos, a troca de negócio ocorre a portas fechadas. As demais, situadas em Porto Alegre (duas), Canoas, Caxias do Sul, Gravataí e Santa Maria não devem mudar, por enquanto. Para os lojistas, que dividem despesas como segurança e limpeza, e as mil vagas de estacionamento, o comunicado da revisão do modelo ocorreu há um mês. Tapumes foram posicionados em frente à área de caixas, que não interrompem o funcionamento do comércio, que inclui farmácia, petshop, café, restaurante, lavanderia, um McDonald's com cardápio de sorvetes, lan house e salão de beleza.
O diretor da única loja gaúcha da Leroy Merlin, Ricardo Morgado, destacou que os estabelecimentos são independentes e que o fluxo de clientes se mantém e não deve sofrer impacto. "O movimento só era mais intenso por causa da nossa operação", sustenta Morgado, que estima em 120 mil a 130 mil a clientela que passa por mês na filial. Para o diretor, a nova bandeira deve atrair novos públicos, que abrangem pequenos varejistas e consumidores de classes D e E.
"A alteração atrairá clientes que não viriam normalmente para cá", acredita o representante do varejo de materiais, que está na área de 9 mil metros quadrados desde agosto de 2009. A rede, com 22 lojas em todo o País, deve instalar a segunda no Rio Grande do Sul até metade de 2012, numa área já adquirida em São Leopoldo. "Será uma operação semelhante à da Capital", comparou Morgado, que estima o investimento em R$ 40 milhões. No País, outros seis estabelecimentos da marca operam junto a hipermercados de outros grupos.
O dono do restaurante Las Olivas, Arnildo de Moura, esperava queda no movimento no primeiro dia sem a companhia do hipermercado. Moura informou ontem que "graças a Deus" nada mudou. O local serve entre 200 e 300 almoços diários. "Servimos o mesmo número de refeições no almoço. Vamos manter a abertura e mesma estrutura. Podemos sofrer nos primeiros meses, mas tenho certeza de que será para melhor", torce o proprietário, que injetou quase R$ 1 milhão no local e precisa de renda para cobrir o custo de R$ 1,5 mil diários.
O Las Olivas fica no mesmo nível de acesso ao antigo hipermercado, na última posição da área de lojas. "Sou o maior aqui. Teve gente que reduziu o funcionamento, enxugando empregados e abertura. Vamos continuar até as 23h e abrindo aos domingos", sinalizou o microempresário, que acompanha os horários da Leroy Merlin.
Especialista aponta perda de competitividade do grupo francês no Brasil
O coordenador-geral do Programa de Administração do Varejo (Provar), Claudio Felisoni, compara a rede Carrefour no Brasil à noiva abandonada no altar. "Quanto ela vale?", pergunta o especialista, destacando a perda de rentabilidade e o movimento desesperado de troca de bandeira de hipermercado para atacarejo como tentativa de aumentar o valor das operações. Felisoni observa ainda que o grupo segue o modelo de ganhos com base em baixo preço e muita escala de vendas, um formato típico do tempo de inflação alta.Segundo o coordenador-geral do Provar, o grupo, que amargou uma derrota com a associação frustrada com o Pão de Açúcar (após a desistência do Bndes e a ação do coirmão francês Casino, que assumirá o controle do grupo brasileiro em 2012), tenta salvar os ganhos da operação com as lojas Atacadão. Ele lembra que os maiores acionistas do Carrefour, que envolvem outros nichos de mercado e com maiores lucratividades, estão descontentes há muito tempo. No setor de varejo de alimentos, a rentabilidade é de 1,2%.
"Na verdade, a coisa não está muito boa para eles", resume. Para Felisoni, o grupo francês restringiu suas possibilidades ao se manter no ramo com hipermercados, quando hoje há maior crescimento das chamadas lojas de vizinhança e que acoplam mais conveniência. O analista, professor da Universidade de São Paulo (USP), projeta que uma negociação para incorporação do grupo no Brasil pode estar mais perto. A rede americana Walmart foi apontada como a maior interessada. Hoje o Pão de Açúcar lidera o setor nacional, seguido pelo Carrefour e depois pelos americanos.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Longo, reforça que a opção da grife francesa é pela manutenção de nichos que ofereçam mais retorno. "Seguindo o modelo de preço baixo e volume que é característico da companhia", observa Longo. Conforme o supermercadista, a mudança não deve beneficiar grupos maiores, como Walmart, pois há muita concorrência. "Eles estão optando pelo nicho de atacarejo, que é um dos que mais crescem."
Nenhum comentário:
Postar um comentário