Por que o Brasil é um bom negócio para executivos estrangeiros?
Roteiro produzido pela Iese Business School, da Espanha, dá dicas para profissionais que se interessarem em dirigir negócios em solo brasileiro
Muitos dirigentes empresariais espanhóis que trabalham no Brasil coincidem em classificar a sociedade brasileira como acolhedora e criativa e em destacar sua profissionalidade. Mas alguns também reconhecem que a experiência de viver no Brasil pode ser prejudicada por uma gestão deficiente ou inadequada a partir da matriz.
Os trâmites burocráticos e o desconhecimento da língua e da cultura podem complicar um processo de designação internacional que, bem gerido, chega a ser uma experiência muito enriquecedora, tanto para os dirigentes como para suas empresas.
Em nosso informe Destino: Brasil, procuramos oferecer uma espécie de roteiro para que uma temporada no Brasil tenha êxito. Para isso, recolhemos as opiniões de alguns dirigentes espanhóis que se animaram a dar o passo e trabalham hoje no Brasil.
Graças ao seu enorme mercado interno, as perspectivas de desenvolvimento econômico do país são positivas. De fato, o Brasil está vivendo seu melhor momento desde a década de 60. O país foi afetado pela crise mundial em 2009, mas um ano depois começou a recuperar-se e hoje mostra dados de crescimento do PIB próximos a 4 por cento, com o nível de endividamento em declínio.
Como fruto desse ritmo de crescimento, o Brasil precisa de mais dirigentes do que é capaz de produzir, o que o transforma em uma oportunidade profissional. No entanto, a capacidade de aspiração do Brasil pode embutir um risco a ser levado em conta pela empresa, pois faz aumentar as possibilidades de que o executivo expatriado não regresse e seja "fisgado" por uma empresa brasileira.
Nem tudo é brilhante no país: a distribuição de renda entre a população brasileira é uma das mais desiguais no mundo. Além disso, o Brasil precisa melhorar sua infraestrutura, que é insuficiente e pouco competitiva. A organização do Campeonato Mundial de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 pode ser um bom incentivo para impulsionar essa melhora.
Espanha e Brasil praticamente se deram as costas até 1996, quando a realização da Expotecnia deu visibilidade ao país e uma reforma na Constituição reduziu o protecionismo e faciliitou os investimentos estrangeiros. Desde então, as relações entre os dois países se estreitaram e hoje a maior parte das empresas do Ibex 35 está presente no gigante americano. O Brasil é atualmente o maior receptor de investimentos estrangeiros diretos da América Latina.
Em um momento em que a recessão europeia empurra as empresas da área a buscarem novos mercados e a se internacionalizarem, o Brasil é um destino a ser muito levado em conta, tanto pelas empresas espanholas como pelos dirigentes, apesar de as barreiras burocráticas e certas políticas do tipo protecionista poderem complicar a marcha dos negócios e o processo de expatriação de trabalhadores.
Pelo tipo de negócios e setores de maior potencial (infraestrutura e energia), o expatriado para o Brasil que se encaixa melhor tem perfil técnico e de nível médio-alto.
As diferenças de idioma e de sistema educacional, além das condições do visto de trabalho temporário (varia entre dois e quatro anos), podem tornar recomendável a escolha de profissionais solteiros, que costumam se encaixar melhor em estadas relativamente curtas.
O custo de vida no Brasil é o mais alto da América Latina, sobretudo nas cidades principais de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A roupa, o transporte, os produtos de higiene pessoal e o lazer são substancialmente mais caros do que na Espanha. As diferenças de preços na alimentação e na habitação serem menores.
A falta de segurança é uma das marcas do país e é necessário tomar certos cuidados. Se a escolha for morar em uma casa, recomenda-se que seja em um conjunto com vigilância. Na hora de deslocar-se, é aconselhável ir de automóvel e preferencialmente de dia e acompanhado.
O presidente de uma organização pode pedir uma média de 12.400 euros por mês, um diretor financeiro em torno de 8.200 e um recepcionista apenas 430 euros, números que mostram as desigualdades existentes na distribuição de renda.
O horário de trabalho é longo e costuma ir das 8h30 até além das 18h. Em São Paulo, por exemplo, é frequente prolongar o dia de trabalho até as 21h. Não é habitual, no entanto, trabalhar nos fins de semana.
A cultura brasileira é bastante similar à espanhola. O contato físico é um elemento importante na comunicação. "Para fazer negócios, é necessário tempo, muita relação e muito diálogo", comenta um dirigente expatriado no Brasil.
As conversas informais têm um papel chave. É comum que dirigentes e subordinados almocem juntos, falando do que viram na televisão ou de futebol, que, no Brasil, é quase "uma religião", explica um executivo.
"O grande problema dos empresários espanhóis desembarcados no Brasil é que cometemos o erro de valorizar de menos esta sociedade", adverte um dirigente que trabalha há vários meses no país. O Brasil é um grande país, que merece ser admirado por muitas razões, entre elas "sua grande profissionalidade", acrescenta outro executivo, que trabalha há cinco anos no país.
Os trabalhadores estrangeiros precisam de visto de residência e permissão de trabalho. Os espanhóis não precisam de visto se viajarem como turistas ou a negócios., mas, nesses casos, a permanência não pode ultrapassar os três meses. A complexidade da burocracia é uma das principais dificuldades: pode levar até seis meses para se conseguir todos os papéis.
"Paciência, vontade e esforço", são os conselhos de um dirigente espanhol transferido para o Brasil há um ano e meio. Isso é "um planejamento prévio muito consciente". Bem preparada, "a experiência do Brasil significa um desafio muito interessante e uma grande oportunidade de enriquecimento profissional".
Os trâmites burocráticos e o desconhecimento da língua e da cultura podem complicar um processo de designação internacional que, bem gerido, chega a ser uma experiência muito enriquecedora, tanto para os dirigentes como para suas empresas.
Em nosso informe Destino: Brasil, procuramos oferecer uma espécie de roteiro para que uma temporada no Brasil tenha êxito. Para isso, recolhemos as opiniões de alguns dirigentes espanhóis que se animaram a dar o passo e trabalham hoje no Brasil.
Oportunidade para empresas
O Brasil tem fronteiras com praticamente todos os países da América do Sul. É a porta de entrada para o mercado íberoamericano. É o quinto país do mundo em extensão territorial e o maior da América Latina. Sua diversidade geográfica o transforma em um dos principais exportadores mundiais de matérias primas.Graças ao seu enorme mercado interno, as perspectivas de desenvolvimento econômico do país são positivas. De fato, o Brasil está vivendo seu melhor momento desde a década de 60. O país foi afetado pela crise mundial em 2009, mas um ano depois começou a recuperar-se e hoje mostra dados de crescimento do PIB próximos a 4 por cento, com o nível de endividamento em declínio.
Como fruto desse ritmo de crescimento, o Brasil precisa de mais dirigentes do que é capaz de produzir, o que o transforma em uma oportunidade profissional. No entanto, a capacidade de aspiração do Brasil pode embutir um risco a ser levado em conta pela empresa, pois faz aumentar as possibilidades de que o executivo expatriado não regresse e seja "fisgado" por uma empresa brasileira.
Imagem: Thinkstock |
Nem tudo é brilhante no país: a distribuição de renda entre a população brasileira é uma das mais desiguais no mundo. Além disso, o Brasil precisa melhorar sua infraestrutura, que é insuficiente e pouco competitiva. A organização do Campeonato Mundial de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 pode ser um bom incentivo para impulsionar essa melhora.
Espanha e Brasil praticamente se deram as costas até 1996, quando a realização da Expotecnia deu visibilidade ao país e uma reforma na Constituição reduziu o protecionismo e faciliitou os investimentos estrangeiros. Desde então, as relações entre os dois países se estreitaram e hoje a maior parte das empresas do Ibex 35 está presente no gigante americano. O Brasil é atualmente o maior receptor de investimentos estrangeiros diretos da América Latina.
Em um momento em que a recessão europeia empurra as empresas da área a buscarem novos mercados e a se internacionalizarem, o Brasil é um destino a ser muito levado em conta, tanto pelas empresas espanholas como pelos dirigentes, apesar de as barreiras burocráticas e certas políticas do tipo protecionista poderem complicar a marcha dos negócios e o processo de expatriação de trabalhadores.
Viver no Brasil
O Brasil difere do resto da América Latina em idioma, costumes, cultura e desenvolvimento econômico. "Há diferenças culturais e a maneira de trabalhar e entender os negócios é diferente", explica um dirigente que está há meio ano no país.Pelo tipo de negócios e setores de maior potencial (infraestrutura e energia), o expatriado para o Brasil que se encaixa melhor tem perfil técnico e de nível médio-alto.
As diferenças de idioma e de sistema educacional, além das condições do visto de trabalho temporário (varia entre dois e quatro anos), podem tornar recomendável a escolha de profissionais solteiros, que costumam se encaixar melhor em estadas relativamente curtas.
O custo de vida no Brasil é o mais alto da América Latina, sobretudo nas cidades principais de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A roupa, o transporte, os produtos de higiene pessoal e o lazer são substancialmente mais caros do que na Espanha. As diferenças de preços na alimentação e na habitação serem menores.
A falta de segurança é uma das marcas do país e é necessário tomar certos cuidados. Se a escolha for morar em uma casa, recomenda-se que seja em um conjunto com vigilância. Na hora de deslocar-se, é aconselhável ir de automóvel e preferencialmente de dia e acompanhado.
Trabalho
No Brasil, os salários dos executivos são mais altos do que na Espanha, acompanhando o custo de vida. Por isso, as condições da nomeação com relação ao retorno e possíveis ajudas devem ser consideradas com cuidado.O presidente de uma organização pode pedir uma média de 12.400 euros por mês, um diretor financeiro em torno de 8.200 e um recepcionista apenas 430 euros, números que mostram as desigualdades existentes na distribuição de renda.
O horário de trabalho é longo e costuma ir das 8h30 até além das 18h. Em São Paulo, por exemplo, é frequente prolongar o dia de trabalho até as 21h. Não é habitual, no entanto, trabalhar nos fins de semana.
A cultura brasileira é bastante similar à espanhola. O contato físico é um elemento importante na comunicação. "Para fazer negócios, é necessário tempo, muita relação e muito diálogo", comenta um dirigente expatriado no Brasil.
As conversas informais têm um papel chave. É comum que dirigentes e subordinados almocem juntos, falando do que viram na televisão ou de futebol, que, no Brasil, é quase "uma religião", explica um executivo.
"O grande problema dos empresários espanhóis desembarcados no Brasil é que cometemos o erro de valorizar de menos esta sociedade", adverte um dirigente que trabalha há vários meses no país. O Brasil é um grande país, que merece ser admirado por muitas razões, entre elas "sua grande profissionalidade", acrescenta outro executivo, que trabalha há cinco anos no país.
Os trabalhadores estrangeiros precisam de visto de residência e permissão de trabalho. Os espanhóis não precisam de visto se viajarem como turistas ou a negócios., mas, nesses casos, a permanência não pode ultrapassar os três meses. A complexidade da burocracia é uma das principais dificuldades: pode levar até seis meses para se conseguir todos os papéis.
"Paciência, vontade e esforço", são os conselhos de um dirigente espanhol transferido para o Brasil há um ano e meio. Isso é "um planejamento prévio muito consciente". Bem preparada, "a experiência do Brasil significa um desafio muito interessante e uma grande oportunidade de enriquecimento profissional".
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