Plano real completa 18 anos hoje com o desafio de ser renovado para manter vigor da economia
Programa econômico que trouxe estabilidade à moeda brasileira enfrenta provações impostas pela crise internacional
Um dos formuladores do plano, Gustavo Franco lembra que
a inflação acumulada nos 12 meses anteriores ao Real era de 7.500% Foto: Arivaldo Chaves / Agencia RBS
Nilson Mariano
Ele liquidou com o dragão da inflação, que devorava salários antes do final
do mês e acionava quase diariamente o gatilho de remarcar preços nos
supermercados. Elevou o poder de compra dos brasileiros e permitiu investir a
longo prazo. Resistiu a crises internacionais, enquanto outras moedas
sucumbiram. Em 1º de julho de 1994, há 18 anos, o Real concretizou aquele que é
considerado o mais eficaz plano de estabilização econômica da história recente
do país.
Mas como anda a saúde do Real? Como se proteger diante do Produto Interno Bruto (PIB) em desaceleração e do tsunami europeu que pôs de joelhos Grécia e Espanha? Gestado pelo ex-presidente Itamar Franco, tendo por timoneiro o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso em meio a críticas, hoje é quase unanimidade. Afinal, a nova moeda exterminou uma inflação de 1,1 quatrilhão por cento - acumulados entre 1965 e 1994. Foram necessários 16 dígitos para medir a inflação pré-Real em três décadas.
Um dos formuladores do Real - era secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda na época de seu lançamento -, Gustavo Franco diz que a nova moeda encerrou um ciclo de incertezas, no qual o país teve oito padrões monetários em 30 anos. Lembra que, nos 12 meses anteriores ao Real, a inflação alcançou cerca de 7.500%.
- É claro que teve êxito. Em 1998, a inflação foi de 1,7%. Em vez de congelamentos e calotes, tivemos reformas e modernização - destaca Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central no governo FHC.
Franco observa que a agenda de estabilização há muito deu lugar a planos de desenvolvimento. No entanto, não vê progressos na mudança de rota, pois a taxa de crescimento do país se mantém quase inalterada. Para Franco, medidas como aumento dos gastos públicos (como o pacote de quarta-feira passada, que anunciou R$ 8,4 bilhões para a compra de equipamentos pesados) serão de curto alcance.
- Vai nos levar a mais um voo de galinha, como os dos últimos anos - critica Franco.
Ex-ministro da Economia, o diplomata Marcílio Marques Moreira enaltece os "frutos positivos" do Real. Mas, para que a moeda continue forte, pondera que é necessária "uma nova visão de longo prazo", em que seja possível aumentar a poupança e investir na infraestrutura e logística.
- É importante continuar as reformas trabalhista, previdenciária e tributária para melhorar o ambiente de negócios - diz o especialista, sócio-gerente da Consultoria Contexto e Conjuntura, com sede no Rio de Janeiro.
Moreira entende a estratégia de incentivar o consumo com a redução de impostos para acelerar a economia chegou à exaustão. Não por fracasso, mas porque cumpriu sua fase. Diz que o momento é de passar à etapa seguinte, com investimentos em longo prazo.
Consultor econômico e ex-diretor do BC, Carlos Eduardo de Freitas ressalta que o Real instaurou no Brasil o que define como "regime de estabilidade monetária". Elogia a "contribuição colossal", mas acredita que o governo Dilma Rousseff abandonou a meta de preservar a firmeza da moeda. Freitas alerta que a inflação não desapareceu. Diz que a soma acumulada nos últimos três anos - calcula que foram 5,9% em 2010, 6,5% em 2011 e serão algo em torno de 4,6% neste ano - resultará num índice de quase 25%. Ex-diretor do Banco Central, considera que é um patamar preocupante no atual cenário de baixa atividade:
- A inflação está sob controle, é verdade. Mas se mostra renitente, e daí a virar crônica não custa muito. As pessoas já começam a fazer contas, olham para o futuro sem muita confiança em investir o seu dinheiro.
Mas como anda a saúde do Real? Como se proteger diante do Produto Interno Bruto (PIB) em desaceleração e do tsunami europeu que pôs de joelhos Grécia e Espanha? Gestado pelo ex-presidente Itamar Franco, tendo por timoneiro o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso em meio a críticas, hoje é quase unanimidade. Afinal, a nova moeda exterminou uma inflação de 1,1 quatrilhão por cento - acumulados entre 1965 e 1994. Foram necessários 16 dígitos para medir a inflação pré-Real em três décadas.
Um dos formuladores do Real - era secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda na época de seu lançamento -, Gustavo Franco diz que a nova moeda encerrou um ciclo de incertezas, no qual o país teve oito padrões monetários em 30 anos. Lembra que, nos 12 meses anteriores ao Real, a inflação alcançou cerca de 7.500%.
- É claro que teve êxito. Em 1998, a inflação foi de 1,7%. Em vez de congelamentos e calotes, tivemos reformas e modernização - destaca Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central no governo FHC.
Franco observa que a agenda de estabilização há muito deu lugar a planos de desenvolvimento. No entanto, não vê progressos na mudança de rota, pois a taxa de crescimento do país se mantém quase inalterada. Para Franco, medidas como aumento dos gastos públicos (como o pacote de quarta-feira passada, que anunciou R$ 8,4 bilhões para a compra de equipamentos pesados) serão de curto alcance.
- Vai nos levar a mais um voo de galinha, como os dos últimos anos - critica Franco.
Ex-ministro da Economia, o diplomata Marcílio Marques Moreira enaltece os "frutos positivos" do Real. Mas, para que a moeda continue forte, pondera que é necessária "uma nova visão de longo prazo", em que seja possível aumentar a poupança e investir na infraestrutura e logística.
- É importante continuar as reformas trabalhista, previdenciária e tributária para melhorar o ambiente de negócios - diz o especialista, sócio-gerente da Consultoria Contexto e Conjuntura, com sede no Rio de Janeiro.
Moreira entende a estratégia de incentivar o consumo com a redução de impostos para acelerar a economia chegou à exaustão. Não por fracasso, mas porque cumpriu sua fase. Diz que o momento é de passar à etapa seguinte, com investimentos em longo prazo.
Consultor econômico e ex-diretor do BC, Carlos Eduardo de Freitas ressalta que o Real instaurou no Brasil o que define como "regime de estabilidade monetária". Elogia a "contribuição colossal", mas acredita que o governo Dilma Rousseff abandonou a meta de preservar a firmeza da moeda. Freitas alerta que a inflação não desapareceu. Diz que a soma acumulada nos últimos três anos - calcula que foram 5,9% em 2010, 6,5% em 2011 e serão algo em torno de 4,6% neste ano - resultará num índice de quase 25%. Ex-diretor do Banco Central, considera que é um patamar preocupante no atual cenário de baixa atividade:
- A inflação está sob controle, é verdade. Mas se mostra renitente, e daí a virar crônica não custa muito. As pessoas já começam a fazer contas, olham para o futuro sem muita confiança em investir o seu dinheiro.
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