Vacinação restrita amplia riscos da gripe A no Rio Grande do Sul
Mortes de pacientes que em outros anos integravam grupos imunizados pelo Estado colocam em xeque estratégia contra a doença
Idosos procuram vacina nos postos de saúde da
Capital Foto: Emílio Pedroso / Agencia
RBS
Leticia Costa
As 13 mortes por gripe A neste começo de inverno no Estado, contra as 14 computadas ao longo de todo o ano passado, lançam questionamentos sobre a política de imunização contra a doença.
Em 2010, no primeiro ano em que a vacina esteve disponível, o governo investiu na aquisição de doses e protegeu mais de 5 milhões de gaúchos. Não houve nenhum caso da enfermidade e nenhuma morte, contra 297 em 2009.
No ano passado, a política de vacinação foi revista e ficou restrita a grupos considerados de risco – reduzindo-se para cerca de 1,5 milhão de pessoas. Os casos de gripe A e as mortes voltaram.
Neste ano, estão atingindo pessoas fora dos grupos considerados vulneráveis e sem oferta de vacina na rede pública. Uma cobertura mais ampla da vacinação teria evitado essas mortes?
A questão ganha importância porque o inverno deve começar para valer nesta semana. Sem doses suficientes para imunizar toda a população, o Estado viu morrerem neste ano cinco pessoas na faixa etária de 20 a 39 anos, que, em 2010, no primeiro ano da campanha de vacinação, tiveram o direito de ser imunizadas gratuitamente.
Rígido, o Ministério da Saúde diz que segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para definir em quem aplicar as vacinas contra a gripe A. Já o secretário de Estado da Saúde, Ciro Simoni, é categórico ao garantir que o Estado não vacina mais gente porque não consegue comprar doses além das repassadas pela União.
— Não tenho como comprar a vacina, porque não existe vacina para vender. Se existisse, o Estado já teria comprado no ano passado — afirma.
Ele não soube esclarecer de que forma, em 2010, o triplo de pessoas recebeu a vacina, mas como atualmente não existiria maneira de aumentar a prevenção, o secretário investe na remediação. Segundo ele, há Tamiflu – medicamento antiviral usado para combater os sintomas da gripe A – suficiente para os mais de 10 milhões de gaúchos.
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