Agravamento da crise na Europa deve adiar novos investimentos da indústria e a retomada do crescimento
A Randon, que acaba de anunciar investimento de R$ 2,5
bilhões para os próximos cinco anos, espera uma recuperação plena do mercado
apenas a partir de 2015 Foto: Daniela Xu / Agencia
RBS
Erik Farina
Uma grande interrogação paira sobre os planos de negócios das
principais empresas gaúchas para o segundo semestre. O agravamento da situação
na Europa, com o risco cada vez maior de a Grécia deixar a zona do euro, e a
desaceleração do crescimento da China, que ameaça contagiar seus vizinhos,
tornam incerto o cenário para o restante do ano.
Se no Brasil se acumulam medidas para estimular a economia -
nos próximos dias, o governo deve anunciar uma nova rodada de incentivos ao
crescimento -, a situação mundial dos últimos dias indica um ambiente menos
promissor aos negócios.
- Há uma grande preocupação dos empresários com a falta de
demanda dentro e fora do país - afirma José Fernandes Martins, presidente da
Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus e membro do conselho de
administração da Marcopolo.
Não é apenas das empresas brasileiras a preocupação. Em todo o
mundo, a indústria freia a produção. A capacidade ociosa do setor siderúrgico já
chega a 30% do volume mundial. Portanto, cautela é a palavra da vez diante da
incerteza.
A própria Randon, que na semana passada anunciou investimento
de R$ 2,5 bilhões para os próximos cinco anos, espera uma recuperação plena do
mercado apenas em três ou quatro anos, reconhece o presidente David Randon.
O primeiro trimestre foi de boas vendas, mas lucro menor.
Levantamento exclusivo feito pela Corretora Solidus para Zero Hora mostra que,
enquanto o faturamento das 10 empresas gaúchas com maior valor de mercado
cresceu quase 11% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano
anterior, o lucro líquido caiu, em média, 4,4%.
- A indústria gaúcha sente a recessão na Europa e nos Estados
Unidos. Por outro lado, o dólar na casa dos R$ 2 pode melhorar a competitividade
no Exterior nos próximos meses - avalia Matias Dieterich, diretor de Análise de
Investimentos da Solidus.
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