segunda-feira, 19 de março de 2012

Governo retoma o círculo vicioso do protecionismo

Governo retoma o círculo vicioso do protecionismo

Controle de capitais, barreiras às importações e reserva de mercado dão o tom do que será a política econômica daqui para a frente: um perigoso retrocesso

Ana Clara Costa, de
 
Dilma
O risco de o governo Dilma ceder a essa tentação protecionista incomoda a maioria dos especialistas no mercado e na academia

Apreensivo sobre os rumos da conjuntura econômica mundial, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em novembro estar extremamente preocupado com a crise na Europa e cobrou uma atuação mais firme dos países da zona do euro para sanar as incertezas que pairavam sobre a região, temendo que elas alcançassem o Brasil. Ele prometeu na época que usaria todas as armas que lhe cabiam para evitar que a economia brasileira sofresse os efeitos das turbulências.

Pouco tempo antes, o ministro já havia dado uma pista do que estava por vir. Anunciara em setembro o heterodoxo decreto que aumentava em 30 pontos porcentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos importados. Era um prenúncio do caminho arriscado que o governo estava prestes a trilhar: o do protecionismo.

De lá para cá, o Planalto analisa pedidos de salvaguarda a setores diversos, como o têxtil e o vinífero; já sobretaxou os tênis de alta performance asiáticos e acaba de impor limites aos desembarques de carros mexicanos no país. A opção já se mostrou errada num passado nada distante, reservando ao Brasil ineficiências que até hoje persistem. O risco de o governo Dilma ceder a essa tentação incomoda a maioria dos especialistas no mercado e na academia, muitos dos quais testemunhas oculares do fracasso dessa opção.

Entre novembro e março, o novo presidente do Banco Central Europeu (BCE), o italiano Mario Draghi, liberou nada menos que um trilhão de euros às instituições financeiras da região para garantir que cumprissem com os níveis de capital exigidos para atravessar a crise. O montante, cuja última parte saiu dos cofres do banco no início de março, serviu para tranquilizar um mercado que questionava a real capacidade de atuação do BCE. Esse fluxo de capital europeu teve dois rumos distintos: parte voltou aos cofres do próprio banco, evidenciando o medo das instituições europeias em aplicar em qualquer outro tipo de título; e parte viaja o mundo em busca de bons retornos. Nos Estados Unidos, somente a segunda fase do chamado 'afrouxamento monetário' implicou a injeção de 600 bilhões de dólares na economia internacional.

A entrada dessa montanha de dinheiro nos países emergentes, por meio do mercado financeiro, faz com que moedas como o real se apreciem ante o dólar ou o euro. Essa dinâmica, comemorada pela classe média que viaja ao exterior, é o pesadelo do momento para o Palácio do Planalto.

É por isso que, desde o ano passado, o governo adotou uma sequência de medidas para conter a entrada de moeda estrangeira no país, utilizando o Imposto de Operações Financeiras (IOF) como arma. A tributação, contudo, é vista como medida paliativa, pois não impede que o Brasil continue atrativo para o investidor estrangeiro que está disposto a navegar em mares emergentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vai sair de linha em 2019

Vai sair de linha!  Confira quais carros serão retirados do mercado em 2019 Listamos sete automóveis que deverão sair do mercado ou ganha...