Receita para fraudar leite no RS era vendida por R$ 10 mil, diz promotor
Operação Leite Compensado foi desencadeada na última quarta-feira.
Transportadoras adicionavam água e ureia ao leite para aumentar lucro.
A fórmula usada para adulterar o leite e aumentar o lucro de transportadoras noRio Grande do Sul era vendida por R$ 10 mil, segundo o promotor Mauro Rochenbach, que comanda a investigação do Ministério Público na Operação Leite Compensado. Depois da ação que foi desencadeada na última quarta-feira (9), lotes de leite de seis marcas foram retiradas do mercado por contaminação.
“Eles descobriram uma fórmula de mascarar a adição de água e com isso lucrar com 10% no volume. Essa fórmula era vendida entre eles por R$ 10 mil”, disse Rochenbach em entrevista ao Jornal do Almoço, da RBS TV (veja o vídeo). Para cada 100 litros de leite, eram adicionados nove litros de água e um de ureia.
De acordo com a investigação, os suspeitos fraudavam o leite em três núcleos, mas sem vínculo entre eles. O MP passou a monitorar os grupos e, sempre que havia adulteração e depois envio aos postos de resfriamento, os fiscais iam até os locais.
“Os fiscais iam, coletavam amostras. Muitas vezes o leite foi inutilizado no próprio posto de resfriamento com a adição de um corante que tingia o leite de vermelho”, afirma o promotor. O MP reafirma que os produtores e a indústria não tinham participação no esquema. Rochenbach, no entanto, critica a falha das indústrias ao não identificar a fraude.
"Essa fraude só ganhou esta dimensão porque os transportadores sabiam deste relaxamento da indústria ao receber o leite cru", diz. Na próxima semana, o promotor deve entregar à Justiça referente aos núcleos em que há presos, em Guaporé e em Ibirubá. Depois disso, o Ministério Público seguirá a investigação em Horizontina.
Mais amostras vetadas
O Ministério da Agricultura informou na sexta-feira (10) que os postos de refrigeração interditados continham 28 mil litros de leite cru misturado com formol. O produto havia chegado aos postos no mesmo dia da operação, na última quarta (8), informou a pasta.
O Ministério da Agricultura informou na sexta-feira (10) que os postos de refrigeração interditados continham 28 mil litros de leite cru misturado com formol. O produto havia chegado aos postos no mesmo dia da operação, na última quarta (8), informou a pasta.
Os técnicos coletaram nos tanques de refrigeração, ainda na fase de transporte do produto, 30 amostras, contendo um total de 318 mil litros de leite cru. Dessas amostras, duas, com 28 mil litros, estavam adulteradas, mas como estavam em fase de transporte, não poderiam ser disponibilizadas para o consumidor final. Os outros 600 mil litros de leite adulterados apreendidos na operação já estavam embalados e prontos para consumo.
A Superintendência Federal do Ministério da Agricultura do Rio Grande do Sul ainda detectou a presença de antibiótico em uma amostra de leite em pó fabricado no estado. De acordo com o superintendente Francisco Signor, no entanto, ainda não é possível afirmar que houve adulteração no produto. “Há apenas indícios. Foram feitas cinco coletas e encaminhadas para o laboratório. Só uma delas deu resultado positivo para antibiótico”, explicou o superintendente ao G1.
Quem tiver embalagens fechadas dos produtos dos lotes não recomendados para consumo deve guarda-los e comunicar Ministério Público pelo e-mail consumidor@mp.rs.gov.br.
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