As coreanas vão à guerra no mercado eletrônico
As gigantes Samsung e LG brigam há anos por espaço no mercado global de eletrônicos. Na mais recente batalha, a dos smartphones, uma delas foi quase à lona
Fábrica da Samsung, na Ásia: de produtora de vegetais e peixes em conserva nos anos 40, a Samsung se transformou na maior fabricante de tecnologia do mundo em faturamento
São Paulo - A virada para o século 21 marcou o recomeço para a Samsung e para a LG, dois dos maiores chaebol — nome pelo qual são conhecidos os megaconglomerados coreanos. Os grupos nasceram na primeira metade do século 20, época em que o país tinha economia predominantemente agrária.
Viram seus negócios evoluir da produção de peixes e vegetais, no caso da Samsung, e de plástico, no da LG, para setores tão variados quanto o naval e o financeiro. Veio a crise de 1997, provocada pela alta alavancagem dos chaebol, e as duas empresas — assim como toda a Coreia do Sul — entraram num processo de autoanálise.
Ao final, estava claro que o passado marcado por relações pouco transparentes entre os conglomerados e o governo precisava de um ponto final. Era igualmente evidente que o segmento de eletroeletrônicos — desde o início da década, o principal do setor industrial — tinha o maior potencial de crescimento.
Os celulares se tornavam populares nos quatro cantos do mundo, e as TVs começavam a passar pela maior transformação desde o advento da imagem em cores. Feito o diagnóstico, Samsung e LG, tendo como base uma mão de obra altamente preparada, continuaram focando em pesquisa e desenvolvimento e invadiram os mercados internacionais com suas TVs de tela plana e seus eletrodomésticos de última geração.
Ainda que as duas gigantes tenham progredido desde então, chama a atenção o salto da Samsung na comparação com a LG. No início dos anos 2000, o faturamento de eletroeletrônicos da Samsung era de quase 40 bilhões de dólares. Hoje é de 145 bilhões, um salto de 260%. Trata-se da maior receita do setor de tecnologia no mundo — a Apple só bate a Samsung em valor de mercado.
Já a LG vem lutando para manter a receita acima dos 46 bilhões de dólares. A explicação para o descompasso entre as duas coreanas está na disputa por um dos mais lucrativos segmentos de eletrônicos: o dos smartphones. Na Samsung, o segmento de telecomunicações, que inclui celulares e smartphones, foi a divisão que mais cresceu nos últimos anos.
No primeiro trimestre de 2012, telecomunicações foi responsável, sozinha, por um faturamento de quase 20 bilhões de dólares, mais da metade da receita global da Samsung Electronics. Segundo a consultoria Gartner, no início do ano a Samsung superou a Nokia e tornou-se a maior fabricante mundial de celulares, com 20% de participação. Já a LG, que em 2009 era a terceira maior fabricante, viu sua participação cair de 10% para 3,5% em pouco mais de dois anos.
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