Governo aceita reduzir tarifas de energia, mas quer dividir prejuízo com os Estados
O governo Dilma Rousseff está disposto a baixar o preço da energia, abrindo mão de parte dos tributos federais que incidem sobre a conta, mas quer dividir com os Estados o prejuízo.
O Ministério da Fazenda escolheu a fórmula e o foro para tentar
resolver o problema, em um sinal da preocupação do Palácio do Planalto com o
preço das tarifas e com a pressão da indústria, que se queixa de perda de
competitividade.
Uma fonte do governo federal disse ao Estado que algumas
indústrias estão 'emparedando' o governo para forçar um corte nas tarifas de
energia.
Uma delas é a Alcoa, que controla o consórcio Alumar em São
Luís e ameaça fechar suas portas no Maranhão, queixando-se do 'elevadíssimo'
custo da energia elétrica produzida no Brasil. O presidente mundial do Grupo
Alcoa, Klaus Kleinfeld, já disse que a unidade de Poços de Caldas (MG) e uma
linha da Alumar, em São Luís, estão em risco.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, planeja apresentar e
discutir a proposta da União numa reunião do Conselho Nacional de Política
Fazendária (Confaz). O colegiado, presidido pelo secretário executivo do
ministério, Nelson Barbosa, reúne todos os secretários de Fazenda, e é o foro
ideal para uma decisão conjunta do governo federal com os Estados.
Mantega dirá que o governo federal topa diminuir a parcela de
PIS/Cofins sobre as tarifas, desde que a medida seja acompanhada de uma
contrapartida dos Estados. Os governadores terão de reduzir o ICMS que encarece
a conta de energia elétrica.
Fonte de arrecadação. Um integrante da equipe econômica afirma
que, embora o caminho escolhido tenha aval do Planalto, os números que vão
calibrar a proposta da Fazenda ainda estão em estudo. Nos bastidores da Fazenda
e do Planalto, o que se diz é que os Estados encontraram no ICMS uma fonte fácil
e garantida de arrecadação. Com o tributo embutido no valor total das contas de
energia, telefone e água, não há como sonegá-lo.
Mais do que isso, a parcela do ICMS é a que tem mais peso nas
contas de energia, em torno de 25%, em média. Uma fonte do governo garante,
porém, que alguns Estados chegam a cobrar mais de 40% de ICMS sobre a tarifa. Já
o PIS/Cofins representa em torno de 12% a 15% da conta paga pelo consumidor.
O governo baixou um pacote para beneficiar a indústria, com
foco na redução do custo da mão de obra e na criação de barreiras legais contra
a 'importação desenfreada', com o discurso de que não se trata de protecionismo,
mas de valorização da indústria. Mas sabe que as medidas não são
suficientes.
Por isso, o Planalto continua sob pressão e quer avançar,
mesmo sabendo de antemão que a conversa com os Estados não será fácil. O
problema é o tamanho da fatia do ICMS na arrecadação de alguns Estados.
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