Formação de joint venture poderá atender à demanda por veículos do país e das nações da antiga União Soviética
Roberto Hunoff, de Caxias do Sul
No prazo de 60 a 90 dias, a Marcopolo, de Caxias do Sul, e a russa Kamaz concluem os estudos de viabilidade visando à possível formalização de joint venture na Rússia. O objetivo da parceria é a produção de micro-ônibus para atender à nova demanda do mercado russo e das nações da antiga União Soviética. A ideia é a montagem de carroçarias brasileiras sobre chassis Kamaz, atendendo aos padrões de emissões a partir da norma Euro 4.
Fora do mercado russo desde dezembro de 2009, quando desfez sociedade com a Gaz Group, a Marcopolo manteve escritório em Moscou para acompanhar a evolução do mercado e prospectar novas parcerias. De acordo com Rubens Bisi, diretor de Estratégias e Desenvolvimento de Negócios da companhia brasileira, o mercado russo está em processo de retomada depois da crise financeira mundial de 2009.
Ele recorda que, com a crise, o mercado estagnou nos últimos anos. Com a recuperação econômica, a frota atual de ônibus, além de sucateada, tem dificuldades de atender à demanda. Há, ainda, a intenção do governo russo de estabelecer em lei a idade máxima para uso de ônibus.
De acordo com Bisi, o mercado anual de ônibus urbanos na Rússia é estimado na ordem de 10 mil a 12 mil unidades, voltando aos patamares pré-crise, mas a produção limita-se a pouco mais da metade. A proposta da joint venture, se formalizada, é montar micro-ônibus, segmento em que a Kamaz não atua. O grupo russo é composto por 96 empresas e emprega 59 mil pessoas.
A Marcopolo manteve parceria com a Gaz Group, inicialmente Ruspromauto, de 2006 a 2009. Foi formalizada, em um primeiro momento, para a montagem de modelos rodoviários para atender aos mercados da Rússia e de exportação. A unidade foi idealizada para a montagem, a partir de 2010, de 750 a 1 mil unidades/ano. Na sequência foi agregado novo negócio: a produção de miniônibus, dobrando as estimativas iniciais. Com o mercado em crise, a produção foi desativada em abril de 2009 e a sociedade desfeita em dezembro. No mercado brasileiro a companhia também investe no segmento urbano, mas aposta no crescimento da demanda para atender aos projetos de sistema BRT nas cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. Nesta semana, em São Paulo, a empresa lançou o modelo urbano Viale BRT, projeto que consumiu em torno de R$ 10 milhões e integra o pacote total de R$ 350 milhões que serão investidos no período de 2011 a 2016 na modernização e ampliação da capacidade de produção das unidades domésticas localizadas em Caxias do Sul e Duque de Caxias (RJ).
Oferecido nas versões 4x2, articulado e biarticulado, o novo ônibus, com preços na casa de R$ 300 mil a R$ 320 mil, é montado sobre chassi Mercedes-Benz, mas a intenção é ampliar também para marcas MAN, Scania e Volvo. A produção terá início em novembro próximo e as vendas em março de 2012. O foco inicial de atuação da Marcopolo neste segmento será o Rio de Janeiro, que deverá concluir seu primeiro corredor BRT até março do ano que vem. A empresa também acompanhará de perto o desenvolvimento do sistema em Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Brasília.
Na avaliação do diretor comercial Paulo Corso, até 2014 as vendas de ônibus para o sistema BRT deverão atingir 2,5 mil unidades. A meta da Marcopolo é absorver 40% deste volume. Além das 12 capitais que sediarão os jogos durante a Copa de 2014, outras 25 cidades foram contempladas com recursos oferecidos pelo governo, por meio do PAC, para a construção do sistema BRT.
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