Ex-vice-cônsul de Portugal responderá por estelionato
Adelino Vera Cruz teria desviado 1 milhão de euros da Arquidiocese de Porto Alegre
O ex-vice-cônsul de Portugal no Rio Grande do Sul, Adelino Vera Cruz Pinto, enviou dinheiro da Mitra Arquidiocesana de Porto Alegre – que é a pessoa jurídica a qual representa o bispado local – para uma conta particular. A comprovação foi conseguida pela Polícia Civil através de documentos bancários que registraram as remessas para um banco em Lisboa e para uma conta pessoal no Banrisul. No total, segundo a Polícia, Adelino teria se apropriado de R$ 2,528 milhões. Ele será indiciado por estelionato. O caso ocorreu no final do ano passado. O dinheiro teria sido entregue ao diplomata português como contrapartida da Arquidiocese para completar o recurso o qual seria utilizado nas reformas em duas igrejas da Capital e outra no Interior. De acordo com a promessa do acusado, uma ONG da Bélgica contribuiria com R$ 12 milhões, mediante a contrapartida. Ainda em dezembro passado, Adelino fez a primeira remessa, no valor de R$ 1,3 milhão para uma conta particular em Portugal. No mesmo dia, transferiu R$ 400 mil para sua conta corrente no Banrisul. Em janeiro, após receber mais uma parcela do investimento, ele voltou a movimentar o dinheiro para contas pessoais. Parte do recurso, cerca de R$ 330 mil, foi gasta em hotéis, restaurantes e comércios no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Para o delegado Paulo César Jardim, titular da 1ª Delegacia de Polícia, há evidências suficientes para atribuir a Adelino responsabilidade pelos desvios. “Temos provas da autoria e elementos materiais que comprovam o crime de estelionato”, afirmou. O delegado também disse que buscará ouvir depoimento de pessoas que receberam pagamentos do ex-diplomata. Segundo Jardim, até o final do mês o inquérito deverá estar pronto. Ele encaminhará o documento ao Ministério Público Estadual e entregará uma cópia ao Ministério Público Federal, a fim de amparar uma eventual investigação sobre evasão de divisas, que é crime federal. Para o advogado da Mitra Arquidiocesana, Luciano Feldens, que atua como assistente de acusação, após o processo criminal, serão adotadas medidas para tentar recuperar o dinheiro. Há quase dois meses, o governo português desligou Adelino da função consular, quebrando a condição de imunidade processual e, assim permitindo que ele seja investigado, processado e, eventualmente, preso no Brasil. Seu paradeiro é desconhecido, mas a Polícia gaúcha acredita que ele esteja em Portugal. A Interpol poderá ser acionada para auxiliar na localização do acusado. O advogado Amadeu Weinmann, representante de Adelino Vera Cruz Pinto no Brasil, informou ter passado o dia em viagem de trabalho no Interior do Estrado e que, ao retornar para Porto Alegre, faria contato com seu cliente para depois se manifestar sobre o caso. |
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