Apesar da melhora do varejo, PIB não
terá força para crescer 2%
Economista da LCA estima um avanço de 1,8% este ano
A alta acima do esperado das vendas do varejo restrito e ampliado em junho
ante maio indica que a economia começou a pegar tração no final do segundo
trimestre, mas isso não será suficiente para que o Produto Interno Bruto(PIB)
avance 2% neste ano, comentou o economista da LCA, Paulo Neves.
— Foram bem sucedidas as medidas do governo para estimular o consumo no
trimestre passado, como a redução do IPI para a venda de carros. Mas mesmo
assim, o país deve avançar 1,8% neste ano e apresentar uma velocidade de
expansão de 3,3% no último trimestre ante o mesmo período de 2011 — comentou o
economista. Neves pondera que a velocidade do nível de atividade será menos
vigorosa nos últimos três meses do ano do que o esperado pelo ministério da
Fazenda e pelo Banco Central, que aguardam um incremento da economia de 4% ante
os mesmos meses do ano passado.
De acordo com o IBGE, apresentaram alta em junho ante maio sete dos oito
segmentos pesquisados no comércio restrito, que não leva em consideração
automóveis, peças e material para a construção. Os números mais favoráveis das
vendas do varejo em junho não foram suficientes para alterar as projeções da LCA
sobre os principais indicadores do nível de atividade. Paulo Neves ressalta que
o IBC-BR de junho deve apresentar avanço de 0,5% na margem, o que resultaria uma
alta de 0,8% ante o mesmo mês do ano passado. Se esses números forem
confirmados, o índice apurado pelo Banco Central deve subir 1,5% de janeiro a
junho, ante o mesmo semestre do ano passado, sem ajustes sazonais.
Em função do início da recuperação da economia, mesmo que seja bem paulatina,
Paulo Neves pondera que o Copom deverá interromper o ciclo de redução de juros
iniciado em agosto de 2011 no próximo dia 29 de agosto. Segundo ele, a taxa vai
parar em 7,5% ao ano porque a inflação está bem comportada — deve subir 5% neste
ano — e o BC precisa verificar a maturação das decisões de política monetária
sobre o nível de atividade, o que leva de três a cinco trimestres. O PIB ficou
praticamente estagnado no primeiro trimestre, pois avançou somente 0,2%, na
margem, e a LCA espera que subirá 0,5% entre abril e junho. "Para o segundo
semestre, a velocidade deve melhorar em função de alguns fatores, como a redução
da inadimplência, queda da Selic e dos spreads das operações financeiras",
disse. No terceiro trimestre, ele aguarda que o produto interno bruto deve subir
1,1%, também na margem, enquanto deve avançar 1% de outubro a dezembro.
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