Campanha americana deflagra debate sobre ensino de programação de computador nas escolas
Avanço da tecnologia digital desperta mobilização de educadores e empresários nos EUA em favor de lições de computação na educação básica, e já provoca reflexos no Estado
Inspirado por iniciativa americana, colégio Sinodal, de São Leopoldo, pretende ampliar lições de computação que hoje dão ênfase à robótica Foto: Diego Vara / Agencia RBS
Marcelo Gonzatto
A disseminação das tecnologias digitais deixou as escolas à beira de uma revolução.
Um número crescente de especialistas argumenta que não basta preparar os estudantes do século 21 para ler, escrever ou fazer contas: é preciso ensiná-los a programar computadores. Nos Estados Unidos, celebridades se uniram em uma campanha em defesa da chamada "alfabetização digital", e que já provoca reflexos no Rio Grande do Sul.
Assista ao vídeo sobre as aulas no colégio Sinodal, em São Leopoldo:
Personalidades como o fundador da Microsoft, Bill Gates, e o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, figuram em um vídeo divulgado na internet que defende o ensino de linguagem de programação — códigos que mesclam letras, números e sinais gráficos para dizer aos computadores e dispositivos digitais que ações realizar, como enviar e-mails ou rodar jogos. Para os defensores da ideia, nos próximos anos será tão importante falar a língua das máquinas como hoje é fundamental ler e escrever. Duas razões sustentam a iniciativa: faltam programadores no mercado de trabalho — a defasagem deverá chegar a 1 milhão de pessoas em 2020 nos EUA —, e educadores apontam que aprender a lógica da computação ajuda o raciocínio, melhora o desempenho em outras disciplinas e estimula a criatividade.
— Quando o aluno aprende a linguagem do computador para dizer a ele o que fazer, muda tudo. A máquina se transforma em um laboratório — concorda a coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Léa Fagundes.
O problema é como disseminar essa cultura no país, o que exige treinar professores e dar infraestrutura. Hoje, a modalidade de programação mais ensinada em escolas públicas e privadas é a robótica, na qual os alunos comandam a movimentação de robôs por meio de códigos inseridos no computador. Na rede municipal de Porto Alegre, por exemplo, 35 escolas treinaram professores de disciplinas variadas para usar esse recurso e seguem com ele no currículo.
Também existem softwares, mais voltados para crianças, usados para apresentar a lógica da computação aos alunos. Eles permitem que o usuário insira comandos que criam figuras, movimentam personagens e possibilitam a elaboração de desenhos, narrativas e jogos. O maior desafio do sistema escolar está no ensino das linguagens de programação propriamente ditas, utilizadas para criar páginas na internet, aplicativos e jogos (conheça as principais logo abaixo). Uma das barreiras é a falta de professores especializados.
— O ideal é que combinassem o curso de pedagogia com especialização em informática, ou o contrário — afirma o mestre em computação e diretor de uma escola de computação Rodrigo Losina.
Em todo o país, conforme dados de 2010, há 79 cursos de licenciatura em computação, que preparam educadores para lecionar sobre esse tema. Mas eles formam menos de 700 profissionais por ano.
— Isso é muito abaixo do necessário — sustenta o doutor em computação e professor da UFRGS Daltro José Nunes.
Como resultado, segundo Losina, há uma tendência de aumento no número de alunos adolescentes em cursos de linguagens de programação oferecidos por escolas de computação. Mas a campanha americana já inspira instituições como o colégio Sinodal, de São Leopoldo, a investir mais na linguagem dos computadores. A instituição já leciona robótica, mas pretende ampliar o ensino para que os estudantes aprendam a criar projetos mais variados.
— Inspirados pela campanha, vamos introduzir o ensino de outras linguagens, voltadas para a criação de jogos e aplicativos — conta o professor de Educação Digital Jorge Jardim.
A intenção é usar a computação para que os jovens de hoje programem seu futuro
Um número crescente de especialistas argumenta que não basta preparar os estudantes do século 21 para ler, escrever ou fazer contas: é preciso ensiná-los a programar computadores. Nos Estados Unidos, celebridades se uniram em uma campanha em defesa da chamada "alfabetização digital", e que já provoca reflexos no Rio Grande do Sul.
Assista ao vídeo sobre as aulas no colégio Sinodal, em São Leopoldo:
Personalidades como o fundador da Microsoft, Bill Gates, e o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, figuram em um vídeo divulgado na internet que defende o ensino de linguagem de programação — códigos que mesclam letras, números e sinais gráficos para dizer aos computadores e dispositivos digitais que ações realizar, como enviar e-mails ou rodar jogos. Para os defensores da ideia, nos próximos anos será tão importante falar a língua das máquinas como hoje é fundamental ler e escrever. Duas razões sustentam a iniciativa: faltam programadores no mercado de trabalho — a defasagem deverá chegar a 1 milhão de pessoas em 2020 nos EUA —, e educadores apontam que aprender a lógica da computação ajuda o raciocínio, melhora o desempenho em outras disciplinas e estimula a criatividade.
— Quando o aluno aprende a linguagem do computador para dizer a ele o que fazer, muda tudo. A máquina se transforma em um laboratório — concorda a coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Léa Fagundes.
O problema é como disseminar essa cultura no país, o que exige treinar professores e dar infraestrutura. Hoje, a modalidade de programação mais ensinada em escolas públicas e privadas é a robótica, na qual os alunos comandam a movimentação de robôs por meio de códigos inseridos no computador. Na rede municipal de Porto Alegre, por exemplo, 35 escolas treinaram professores de disciplinas variadas para usar esse recurso e seguem com ele no currículo.
Também existem softwares, mais voltados para crianças, usados para apresentar a lógica da computação aos alunos. Eles permitem que o usuário insira comandos que criam figuras, movimentam personagens e possibilitam a elaboração de desenhos, narrativas e jogos. O maior desafio do sistema escolar está no ensino das linguagens de programação propriamente ditas, utilizadas para criar páginas na internet, aplicativos e jogos (conheça as principais logo abaixo). Uma das barreiras é a falta de professores especializados.
— O ideal é que combinassem o curso de pedagogia com especialização em informática, ou o contrário — afirma o mestre em computação e diretor de uma escola de computação Rodrigo Losina.
Em todo o país, conforme dados de 2010, há 79 cursos de licenciatura em computação, que preparam educadores para lecionar sobre esse tema. Mas eles formam menos de 700 profissionais por ano.
— Isso é muito abaixo do necessário — sustenta o doutor em computação e professor da UFRGS Daltro José Nunes.
Como resultado, segundo Losina, há uma tendência de aumento no número de alunos adolescentes em cursos de linguagens de programação oferecidos por escolas de computação. Mas a campanha americana já inspira instituições como o colégio Sinodal, de São Leopoldo, a investir mais na linguagem dos computadores. A instituição já leciona robótica, mas pretende ampliar o ensino para que os estudantes aprendam a criar projetos mais variados.
— Inspirados pela campanha, vamos introduzir o ensino de outras linguagens, voltadas para a criação de jogos e aplicativos — conta o professor de Educação Digital Jorge Jardim.
A intenção é usar a computação para que os jovens de hoje programem seu futuro
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