Cientistas descobrem o papel de 147 genes que haviam sido considerados inúteis
Nove anos depois de sequenciamento do genoma, o "DNA lixo" é redescoberto pela ciência
John A. Stamatoyannopoulos, professor de genética da
Universidade de Washington, está animado com as perspectivas Foto: Clare McLean / Universidade de
Washington
Nove anos após o anúncio da finalização do sequenciamento do genoma humano, surge uma notícia bombástica, quase tão perturbadora quanto: o "DNA lixo" — batizado assim por ter sido considerado sem função — ao contrário do que se pensava, desempenha um papel preponderante no funcionamento genético. Elas não criam proteínas como apenas 2% das 3,2 bilhões de letras que formam o DNA, mas dão ordens para que os genes façam isso.
Os primeiros resultados do Projeto Encode (que, em inglês, quer dizer Enciclopédia dos Elementos do DNA) foram publicados nesta semana em mais de 30 artigos em algumas das mais importantes publicações científicas, como a Nature, a Science, a Genetic Research e a Genome Biology. Ao todo, foram cinco anos de trabalho árduo, realizado por 442 cientistas de 31 laboratórios internacionais.
— Trata-se de uma descoberta incrível. Costumamos utilizar esta parte do DNA para confirmar paternidade ou para identificar criminosos, por exemplo, mas não imaginávamos que ela tinha todas essas funções. Inauguramos uma nova era da genética — afirma uma das autoridades no assunto no país, o gaúcho Luiz Fernando Jobim, imunologista, especialista em imunogenética e biólogo molecular.
Os resultados indicam que mais de 80% do genoma humano têm algum tipo de função bioquímica operacional e são conectados por uma rede muito mais complexa do que se imaginava. Para cada gene de cada célula, existem milhares de "interruptores" específicos. No que se pensava ser o "lixo" do genoma, estão códigos que ajudam o DNA regulatório a comandar os genes certos. Um erro no processo pode levar ao desenvolvimento de doenças, o principal foco do projeto.
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