Finalmente o Brasil acordou para o óbvio?
Conforme previamente anunciado, chegamos, novamente, ao fim de mais um ciclo. Do mesmo modo que nosso País afundou com o término do ciclo do açúcar, do café e da borracha, hoje estamos vivendo o fim do ciclo das commodities de minério de ferro e soja. Estamos a caminho de mais uma grave crise, ou seja, dos tempos de pagar a conta da “festa das commodities”. Pelo menos podemos saber disso
Será que finalmente as autoridades pensantes do governo brasileiro conseguiram concluir o que já era óbvio há tempos para diversos setores da economia brasileira? O Banco Central Brasileiro teve a falsa coragem de deixar o Real diminuir um pouco da sobrevalorização em relação à cesta de moedas internacionais. O governo brasileiro conseguiu perceber que o nosso país não sobreviveria com a moeda extremamente sobrevalorizada como o Real estava nos últimos cinco anos.
Conforme previamente anunciado, chegamos, novamente, ao fim de mais um ciclo. Do mesmo modo que nosso País afundou com o término do ciclo do açúcar, do café e da borracha, hoje estamos vivendo o fim do ciclo das commodities de minério de ferro e soja. Estamos a caminho de mais uma grave crise, ou seja, dos tempos de pagar a conta da “festa das commodities”.
Vivemos um raro e rápido momento de pleno emprego, explicado, apenas pelo alto custo da demissão. O empresário pensa muito antes de demitir, mesmo que não tenha trabalho. Mas, considerando o alongamento da crise que estamos vivendo, teremos, em breve, uma avalanche de demissões. Os empresários quebram ou se cansam de tentar manter os empregados. E, quando a população perder a artificial confiança que a faz entrar em longas prestações, o País afundará, de vez, na crise do consumo. E sem consumo, não há investimento, não há emprego. E, com o Real valorizado, como continua, a procura será apenas por produtos importados, ou com todos os componentes importados. Faremos apenas a montagem final. E os poucos empregos serão todos transferidos principalmente para a China, País que tem uma política econômica exatamente oposta à brasileira.
Justamente por isso a China cresce há 25 anos constantemente e consistentemente. A política econômica lá, de moeda desvalorizada, incentivo ao investimento na produção exportadora, incentivo à poupança por parte da população, investimentos (inclusive Keynesianos) em infraestrutura, política tributária eficiente, explica o crescimento da economia e a geração de riqueza e de empregos.
Na China o incentivo é pelo trabalho. No Brasil, o que vemos, é uma tentativa de divisão de uma renda que não existe. É o Bolsa Família, que nada mais é que um incentivo ao ócio. Não há incentivo ao estudo ou a preparação profissional. É um pagamento, sem futuro, que num primeiro momento gerou ao aumento do consumo de bens pelas classes D e E, mas que não durará muito tempo, uma vez que somente durará enquanto o Governo tiver recursos. Com o aumento do déficit das contas governamentais, a única solução que o Governo encontrará, será corroer o valor pago ao Bolsa Família por uma alta inflação. E os novos da classe C voltarão à sua realidade de classe D e E!
Soluções artificiais não funcionam. Precisamos dar aos investidores dos setores industrial, do comércio, de serviços, da agricultura etc., as condições de equilíbrio de custo. Só assim as indústrias, que hoje são produtivas da porta para dentro, passem a ser competitivas no mercado brasileiro e internacional. E o equilíbrio de custo somente será possível quando voltarmos a ter um equilíbrio cambial.
Como muito bem diz o professor Bresser Pereira, a sociedade brasileira já tem o consenso da necessidade do equilíbrio fiscal e da baixa inflação. São assuntos que não se discute mais. A sociedade já sabe que estes dois fatores são básicos para que qualquer País progrida. Resta, agora, a sociedade entrar no consenso de que precisamos ter uma moeda em equilíbrio com as demais moedas internacionais. Só assim, voltaremos a ter investimentos produtivos, geração de empregos, consumo e desenvolvimento.
Resta saber qual é a taxa cambial de equilíbrio. Cálculos de séries históricas, assim como estudos de poder de compra, levam a que a taxa cambial de equilíbrio deveria ser, hoje em dia aproximadamente R$ 2,90 / dólar americano. Ainda falta muito para chegarmos lá, mas precisamos ter esperança que estamos no caminho certo.
Roberto Barth - é um dos fundadores da Comissão de Defesa da Indústria Nacional (CDIB), atualmente, é diretor da Supergauss Produtos Magnéticos, empresa que ajudou a criar e na qual atua há mais de 25 anos na área comercial.
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