Como agregar valor a um diploma universitário?
Instituições de Ensino Superior, não estão sabendo aproveitar uma ótima oportunidade para agregar valor aos diplomas de seus egressos
Da análise do número de formandos dos cursos de Administração no Brasil, chega-se à conclusão de que Instituições de Ensino Superior, não estão sabendo aproveitar uma ótima oportunidade para agregar valor aos diplomas de seus egressos.
O que leva a esta afirmação? Inicialmente o reduzido número de registro dos egressos verificado em grande número destas Instituições. Dá a impressão de que o papel delas se reduz a fornecer um diploma e dizer: ¨ bem, agora é tudo com você ¨.
Toda IES oferece uma disciplina, para discutir com os alunos o que é ética. O artigo 1º do código de Ética do Administrador preceitua o seguinte: ¨São deveres do profissional de Administração exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e interesse de clientes, instituições e sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e independência profissional, atuando como empregado, funcionário público ou profissional liberal¨.
A Ética nos propõe a prática de valores em nossa vida pessoal e profissional e um desses valores é o respeito. Assim, devemos ou não respeitar as leis que regem nossa Profissão? Exercer a profissão com zelo significa, antes de qualquer coisa, estar regularizado para o exercício desta profissão. Esta regularização é fornecida através do Registro fornecido pelos Conselhos Regionais.
Como competência definida por lei cabe aos Conselhos Regionais:
a) Fiscalizar, orientar e disciplinar legal, técnica e eticamente o exercício profissional;
b) trabalhar em defesa da sociedade; e,
c) acompanhar a habilitação profissional.
As competências do Administrador definidas pela Lei 4769/65 e regulamentadas pelo Decreto nº 61.934/67 precisam de um instrumento que seja reconhecido por todos. Este instrumento denomina-se, Carteira de Registro Profissional. Ela é equivalente à Carteira de Motorista, porque garante à sociedade que aquela pessoa está habilitada a desempenhar funções da área de Administração, definidas cientificamente.
Parece que o conceito de categoria profissional não está muito claro. O que significa ter um registro? Por registro, entende-se o cadastramento dos profissionais da área de Administração em seu Conselho Regional. Logo, ser registrado significa estar legalmente habilitado a atuar no mercado de trabalho. Desse modo, o Bacharel em Administração passa a ser um Administrador profissional.
Amparado na Lei 4769/65, que estabelece em seu artigo 14: ¨Só poderão exercer a profissão de Administrador os profissionais devidamente registrados nos CRA`s, pelos quais será expedida a carteira profissional, que comprova estar o portador em pleno gozo de seus direitos sociais ¨. O mesmo artigo em seu & 1º complementa: A falta do registro torna ilegal, punível, o exercício da profissão de Administrador¨.
Conforme ditames da Lei, somente o registro habilita para o exercício da profissão de Administrador e de Tecnólogo, para que se cumpra a exigência legal e, se respeite o Código de Ética Profissional.
Sendo conhecedoras de tais premissas, pergunta-se: por que as Instituições de Ensino Superior não informam nem estimulam seus alunos a se registrarem no respectivo Conselho? A única explicação plausível é a de que estas Instituições consideram sua atuação restrita ao processo de formação acadêmica – que é muito importante – mas que, certamente, não se conclui sem a formação do caráter ético-profissional.
O sistema educacional desenvolve um processo que prioriza o novo. Porém, o faz de modo fragmentado, pois, só está comprometido com o conhecimento e a formação de habilidades. Contudo, existe uma lacuna na formação de atitudes, o que reduz a formação integral do aluno, por vezes, sem haver mudanças significativas de seu comportamento. Ele passa a ser apenas mais um, que possui conhecimentos básicos e habilidades, que lhe permite começar a trabalhar, para transformar sua vida e a sociedade da qual faz parte. Não existe, portanto uma preocupação maior com mudanças de atitudes, ou seja, o processo não conseguiu transformar o aluno em verdadeiro profissional. Uma vez egresso, ele sairá como um bacharel, e seguirá um quase profissional que não esta apto a desempenhar o seu papel na sociedade, porque sequer conhece suas obrigações legais com a profissão que abraçou.
Voltando à questão formulada inicialmente, observa-se que as Instituições de Ensino poderiam aproveitar melhor a oportunidade que têm e, juntamente, com os Conselhos Profissionais trabalhar a questão da transformação de um bacharel em um profissional consciente de sua real importância para a sociedade. Estaria neste momento prestando um serviço extremamente relevante para sua Cidade, seu Estado, seu Pais.
Neste sentido, essas Instituições estariam preparando bons profissionais e, sobretudo, cidadãos competentes para conviverem em uma sociedade cada vez mais competitiva e manipuladora. Nela, a prática de valores passara a ser um diferencial importante. Seria esta a verdadeira “agregação de valor”, fator que embora na moda, ainda está longe da importância que merece, por trazer satisfação e créditos para a sociedade como um todo.
Volnei Alves Corrêa é economista pela Universidade de Cruz Alta; Administrador pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Administração pela Universidade de Syracuse, NY, USA; Mestre em Auditoria e Gestão Ambiental pela Universidad de Leon, Madri, Espanha; Professor Universitário; Consultor Organizacional; Ecologista; Membro do Conselho Regional de Administração/RS.
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