Tradições familiares e os valores que passamos adiante
A Semana Farroupilha me remete a lembranças das tradições gaúchas e os hábitos
da minha família. E você, que tradições cultiva e deseja passar ao seu filho?
A Semana Farroupilha começou e, sempre que ela chega, mesmo morando fora
do Rio Grande do Sul, eu penso em seu legado. Mas não são os detalhes desta
revolução sangrenta que durou dez anos (1835-1845) que me comovem, acho toda
guerra desnecessária, prova explícita da falta de generosidade e amor entre os
homens. Mais do que os conflitos políticos e econômicos da época e sua
importância histórica, o que me fascina é o culto às tradições que se instala em
todas as escolas, empresas, parques, recantos do RS.
Nesta semana especial, que vai de 14 a 20 de setembro, renova-se a intenção
de manter a chama sagrada de valores gaúchos como a hospitalidade, o respeito à
palavra empenhada, a solidariedade, a honestidade, o apego aos costumes, o
exercício da gentileza. É lindo de ver as crianças pintando a bandeira, cantando
o Hino Rio-Grandense, declamando poesias, apresentando danças típicas e
experimentando a culinária campeira. Tudo isso me faz pensar, agora que tenho
uma filha, no que vou passar adiante. Quem somos nós e de onde viemos? Quem
são nossos filhos e para onde vão?
As tradições que mantemos, elas têm que fazer sentindo. Do hábito de lavar as
mãos antes das refeições, que evita doenças, ao tempero que usamos na cozinha,
que atiça paladares, tudo nos foi passado de pai para filho, atravessou gerações
e se propagou longo do tempo porque nossas famílias acreditaram ser o melhor
para nós. Selecionamos o que há de bom no que aprendemos e damos continuidade
para a manutenção da nossa própria espécie. E, claro, aperfeiçoamos sempre que
possível. Assim, evoluímos.
Para
dar uma amostra das minhas raízes à carioquinha Ana Bia, aos 3 aninhos levei-a
ao tradicional acampamento Farroupilha no parque Maurício Sirotsky
Sobrinho, em Porto Alegre. Desfiles de cavalos, cheiro de esterco, fogo de
chão, aromas de churrascos, carreteiros, pinhão assado e deliciosas cucas,
prendas em lindos vestidos rodados, gaúchos pilchados, havia de tudo. Deste
verdadeiro "carnaval dos pampas", o que mais chamou a atenção da baixinha foi a
bandeira do Rio Grande do Sul. Ela ganhou uma versão de plástico, se agarrou ao
presente e dele não se desgrudou. Dançou, cantou, vibrou com a bandeirola em
punho, emocionando até os gaudérios mais durões. Morri de amores.
Um dos hábitos familiares que mantive desde que deixei o RS em 1996 foi tomar
chimarrão diariamente. Herança cultural dos índios Guarani, que cevavam a
Ilex paraguariensis, também conhecida como erva-mate, acrescentavam água
quente à cuia de porongo e tomavam com o tacuapi, espécie canudo feito de cana,
nós gaúchos aperfeiçoamos a técnica com bombas de ouro e prata e até cuias de
cerâmica (não contem pra ninguém, é numa dessas que preparo o meu). Incorporamos
o “chima” na rotina dos lares e repartições públicas e no contexto acolhedor no
qual ele se insere: o de passar de mão em mão nosso afeto.
Já fiz verdadeiros malabarismos para conseguir a erva na época em que morava
no exterior, era um tal de ir com a mala vazia para voltar com ela cheia de
pacotes, pedir para parentes mandarem pelo correio, implorar para amigos
trazerem um quilinho só na bagagem. Agora a medalha de ouro da fidelidade ao
mate amargo vai para a minha avó materna, a Oraides, que numa pacata noite de
Natal teve uma isquemia, ficou paralisada, deu o maior susto na família. Qual
foi a primeira coisa que fez ao se levantar da cama, no dia seguinte? Foi até o
fogão botar a chaleira pra esquentar.
Conto essas histórias para a Bia, na esperança de que incorpore (ou ao menos
experimente) um pouco da minha tradição. Ela até tomava quando era pequenina,
mas um dia, com a água muito quente, queimou a boquinha e nunca mais quis chegar
perto. Seria tão bom chegar em casa e ter com quem compartilhar a cuia... Um dia
eu chego lá. Só não me peçam para botar açúcar no mate. Antes só do que uma
tradição quebrada.
Este blog é destinado a ajudar as pessoas com deficiência física à comprarem um carro adaptado que ajudará em seus deslocamentos, pessoas condutoras ou não, todos tem direito.
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