Esse requisito, exigido em muitos processos seletivos, não se resume em conhecer museus e galerias de arte
A descrição da vaga exige que o candidato tenha bons conhecimentos culturais, fale mais de dois idiomas e tenha disponibilidade para viagens. A pergunta que sempre vem à mente é: o que seria bons conhecimentos culturais para esse recrutador ou empresa? Na minha opinião, esse tipo de exigência sempre foi muito abrangente e não se resume em conhecer museus e galerias de arte. Mas depois do intercâmbio essa questão ficou um pouco mais clara e vou explicar o porquê.
Como intercambista, ganhei a oportunidade de conhecer pessoas das mais diversas culturas. Tenho três amigas alemãs companheiras de viagem, uma colombiana e uma sérvia que são amigas de happy hour. Além disso, tenho como amigo um tailandês, uma chinesa e um cubano com quem eu sempre posso contar pra tomar um café nas horas vagas. Não tenho muitos brasileiros por perto e dou graças, por isso. A troca de conhecimento com um amigo de outra nacionalidade é constante e muitas vezes apenas de observar o comportamento do outro já se torna uma novidade. É uma mistura, como se existisse um imã natural entre os não pertencentes a nação. E o mais interessante é que todos compartilham da mesma opinião de que o mundo parece maior quando você começa a dominar um outro idioma.
Com o domínio do inglês tive a oportunidade de fazer todas essas amizades, conhecer diferentes formas de pensar, começar a ler mais textos no idioma e assistir diversos estilos de programas na TV. A ânsia por conhecimento parece ser mais intensa. Mas tudo ficou mais claro mesmo quando comecei de fato me aprofundar no espanhol e na cultura hispânica. Passei a ler com frequência o portal “El País” e perceber quantas informações interessantes sobre o continente europeu eu poderia ter acesso.
Há pouco tempo atrás fui num festival chamado “La Calle Ocho”, em Miami, que reúne aspectos culturais de vários países latinos. E sai de lá na certeza de que preciso urgente avançar no conhecimento sobre a América Latina. Música, comida, dança, tudo completamente novidade para mim. Fiquei espantada de saber o quanto a cultura latina é rica e como brasileira me senti excluída e alienada. A amiga colombiana que me acompanhava sabia tudo sobre Honduras, Porto Rico, Guatemala, Cuba, Haiti e México. Eu sabia diferenciar poucos aspectos, mas na realidade tudo parecia muito igual para mim. Tudo bem que existe uma dificuldade de integração porque nosso idioma é diferente. Mas quando é que podemos encontrar notícias culturais dos nossos vizinhos em destaque na nossa mídia? E conquistar esse tipo de conhecimento não é tão simples assim. É preciso haver uma imersão.
Senti a necessidade de conhecer. Não apenas pincelar algumas informações, mas de fato reconhecer detalhes. Ideias de novas viagens começaram a piscar na mente. Mas por enquanto me contento com o que tenho ao alcance. Procuro melhorar meus conhecimentos assistindo muito aos canais latinos e lendo revistas em espanhol. Além disso, uma das melhores partes de morar na Flórida é poder participar de eventos latinos.
Acredito que o primeiro passo para alcançar um excelente conhecimento cultural é ter a mente aberta e pelo menos conseguir reconhecer que existe uma diversidade. Não se pode esquecer também de que antes de buscar entendimento de outra cultura é preciso saber suficiente sobre o seu próprio país.
Hoje ter experiência internacional é considerado um diferencial ou mesmo um pré-requisito para se candidatar a uma vaga de emprego. Isso porque, ao meu ver, existe o entendimento de que ter bons conhecimentos culturais vai além de ler muitos livros. Faz diferença ter contato com a cultura, partilhar diferentes formas de pensar. Certamente uma experiência que transforma não somente a vida profissional como a pessoal. E pra você o que é ter bons conhecimentos culturais?
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