Brasileiro quer comprar todos os LPs do mundo
O empresário Zero Freitas, de São Paulo, tem compradores espalhados pelo mundo e publica anúncios de “Compra-se coleções de discos. Qualquer gênero musical.”
O empresário brasileiro Zero Freitas, de 62 anos, está numa missão um tanto excêntrica: comprar todos os LPs do mundo. Segundo o jornal The New York Times, Freitas compra discos desde a adolescência, e não consegue parar. “Eu faço terapia há 40 anos para tentar entender isso”, afirmou o empresário dono de uma linha de ônibus em São Paulo. Ele conta que sua compulsão ficou mais forte depois de se divorciar da primeira esposa e de perder a coleção de discos de seus pais numa inundação.
O primeiro LP que comprou, em 1965, foi “Roberto Carlos Canta Para a Juventude”. Hoje, Roberto Carlos é o artista que mais se repete em sua coleção: são 1.793 cópias. Entretanto, Freitas não sabe a quantia exata de quantos LPs possui, são milhões de discos guardados em depósitos e no porão de sua casa.
Compradores espalhados no mundo buscam coleções de LPs para Freitas. Ele possui empregados em Nova York, México, África do Sul, Nigéria e Egito, que compram coleções de lojas que fecharam, críticos aposentados ou herdeiros de músicos. Freitas também tem empregados para gerenciar sua coleção e estagiários para catalogá-la. Mas a tarefa não é fácil quando o empresário não para de fazer novas aquisições. Um dos compradores de Freitas, Allan Bastos, diz que o trabalho de catalogação deve levar 20 anos.
Colecionador discreto, Freitas prefere fazer suas compras no anonimato. Mas não gosta muito do título, por ser muito eclético. “Um colecionador de verdade é alguém que tem como alvo algo específico, ou adere a um determinado gênero”, disse ele ao NYTimes. Muitas vezes, compra coleções inteiras sem inspecioná-las antes, o que lhe dá raridades valiosas e muitos discos repetidos. O comprador Allan Bastos estima que discos repetidos formam 30% de toda a coleção.
No entanto, os discos repetidos são importantes para Freitas. Ele afirma que 10 cópias de um mesmo disco, por exemplo, “são todas diferentes”. E mantem uma relação de carinho com suas milhares de cópias. O colecionador chega a se emocionar ao segurar seus LPs favoritos.
Freitas planeja transformar sua coleção em um arquivo sem fins lucrativos. Sua ideia é criar a empresa Emporium Musical, que funcionaria como espécie de biblioteca, com estações de escuta criadas entre os milhares de prateleiras e o empréstimo de cópias duplicadas.
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