O pop ataca as salas de aula
As universidades estão sendo invadidas por zumbis, games, cantoras pop e desenhos animados. Calma, ainda não se trata de um apocalipse! Apenas uma revolução no meio acadêmico
E não é apenas a família de Homer que está presente no meio acadêmico. A cultura pop e os games estão invadindo as salas de aula e revolucionando o ensino tradicional. O objetivo é proporcionar um melhor entendimento sobre essa geração que vive bombardeada por informações e tecnologia. “Hoje possuímos com mais facilidade a internet, o YouTube, as redes sociais, blogs e as TVs por assinatura. Como negar todo esse cenário no processo educacional? O professor, hoje, deve ser midiático, estar em constante atualização e sempre que puder experimentar os mais variados ambientes virtuais, até porque, é neste universo que provavelmente seus alunos já estarão presentes há mais tempo”, explica Pablo Laranjeiras, especialista em Novas Tecnologias Educativas e Mestre em Comunicação e Culturas Midiáticas.
Foi pensando nessas mudanças na mídia e entretenimento que a Universidade de Baltimore desenvolveu o curso “Gêneros Midiáticos: Zumbis”. O criador da matéria e entusiasta do universo dos mortos vivos, Arnold Blumberg, explicou ao Washington Post que se baseou na onda de zumbis para elaborar o programa das aulas. O curso analisa 16 filmes sobre o tema, desde o clássico de 1932 O Zumbi Branco até Zumbilândia, lançado em 2009. “Nós estudamos como evoluiu o personagem do zumbi com o passar dos anos e como isso reflete na nossa cultura”, afirma Blumberg. Ele ainda explica que antes de se tornarem conscientes e artísticos, os filmes que traziam os zumbis com personagens centrais retratavam os grandes medos da sociedade em cada época.
E não são apenas as séries e os filmes que proporcionam o aprendizado. Os jogos também têm sido utilizados tanto no cotidiano das aulas, como em atividades extracurriculares. Segundo Pablo Laranjeiras, os jogos podem ser selecionados a partir do contexto e da temática da aula. Ele explica que o ato de jogar faz com que os estudantes desenvolvam um conhecimento prévio sobre o conteúdo histórico daquele game e abre espaço para que sejam inseridas diversas esferas do saber: Matemática, Geografia, Literatura, Sociologia, Filosofia e etc.
“O jogo é uma maneira de emular situações reais ou fictícias, permitindo ao homem fazer descobertas, desenvolver sua criatividade, ir ao encontro do eu e do outro. Através dos jogos, o individuo aprende a agir, a questionar, desenvolve o raciocínio lógico, cognição, concentração e a autoconfiança. Sempre utilizo jogos diferentes, dependendo do contexto e da temática da aula. Se quero focar em um jogo com conteúdo histórico, eu pesquiso e levo aos alunos um jogo com essas características”, explica o professor.
Para Pablo, os games se diferenciam das outras formas de entretenimento como o cinema, o teatro, ou um livro, porque proporcionam um nível maior de imersão. O jogo é formado por regras, recompensas, delimitações de espaços e práticas que simulam comportamentos. Nele, o jogador deve tomar decisões que influenciam todo o desenvolvimento da narrativa. “Nos videogames, as linguagens computacionais permitem a criação segura dos ambientes e a da simulação de comportamentos. Nesse contexto, os jogos digitais são uma forma de experiência fictícia que mais aproxima o usuário a uma experiência de saltar entre prédios, dirigir um veículo em alta velocidade, ou até mesmo salvar o mundo das ameaças do mal”, completa.
Um exemplo de como esse conhecimento foi bem aplicado está na Universidade de Berkeley e na Universidade da Flórida, onde os alunos podem desvendar a arte da competitividade a partir de Starcraft. Os cursos são voltados para pessoas que administram negócios, fábricas e hospitais e precisam usar habilidades diferentes para lidar com os desafios da carreira.
Os pré-requisitos para cursar a matéria incluem um conhecimento prévio do jogo, cálculo e equações diferenciais. Além disso, é exigida a leitura de A arte da guerra, de Sun Tzu. Segundo o programa dos cursos, os estudantes desenvolvem habilidades a partir da teoria do jogo, como pensamento crítico e decisões rápidas.
“Ao sintetizar o game com um programa de MBA, o estudante ganha experiência na atividade que ele irá exercer”, afirma Nate Poling, responsável pela inclusão do curso na Universidade da Flórida.
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